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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

São Firmino vai acolher a sede do Sindicato Nacional de Cunhados

A nova organização sindical tem como presidente o sãofirminense Zé Maria Penteado, que garantiu esta importante conquista porque um cunhado dele emprestou um armazém para ali se instalarem. Sindicato quer dignificar uma classe que, nos últimos anos, perdeu prestígio e é hoje considerado um parentesco sem importância.

Cunhados queixam-se que perderam o valor e já só servem para ajudar a fazer as mudanças.

O grande objetivo do novo sindicato é devolver ao cunhado um papel decisivo na estrutura familiar tradicional, em vez daquele que tem nos dias de hoje e que, dizem os cunhados, está muito desvalorizado e praticamente já ninguém lhes liga.

“Antigamente, o cunhado era uma pessoa de confiança. A gente podia contar tudo e mais alguma coisa ‒ que tinha uma amante, que gosta de andar tudo nu no meio da horta, que atropelou uma pessoa e fugiu ‒ e ele levava os segredos para a cova. Agora? Tá bem, tá! Mal eles ouvem uma coisinha vão logo a correr meter tudo no c… das mulheres”, lamenta-se Venceslau Cunha, vice-presidente do SNC.

A culpa, dizem os dirigentes do sindicato, é da falta de formação profissional. Hoje, qualquer fiel farrapo chega a uma família e diz que é cunhado, mas os sindicalistas exigem que a pessoa seja obrigada a apresentar um Certificado de Cunhadismo, que garante a idoneidade do indivíduo, assegurando que está apto para exercer as funções. Esse certificado será passado pelo Sindicato Nacional de Cunhados, após o candidato frequentar um curso de seis meses.

“O povo julga que basta a gente casar com a irmã de uma pessoa e depois as coisas caem do céu? É preciso andar ali a esfolar e esgaçar as unhas para ter direito a sentar-se à mesa num cadeirão ir buscar os melhores bocados de pica-no-chão! Eu falo por mim, que andei a penar 10 anos com pescoços de frango, até ter direito à minha primeira asa. Ai coxas e peitinhos!? Isso é que era bom!”, explicou Zé Maria Penteado, que além de presidente do SNC é também cunhado profissional.

O responsável considera que a arte de se ser cunhado está muito desacreditada, por culpa da chegada de gente sem qualificação: “Ser cunhado, hoje, não tem valor nenhum. Já ninguém nos quer para padrinhos dos filhos, ou quando o carro não pega, de manhã, pede-se ajuda ao cunhado, mas eles torcem o nariz e só ajudam a empurrar se não arranjarem uma boa desculpa. A bem dizer, o cunhado já só serve para ajudar nas mudanças e emprestar uma Black and Decker que, ainda por cima, eles depois devolvem tarde e a más horas, já sem trabalhar e a cheirar a chamusco”. 

E, depois, há a questão financeira, como lembra Inácio Barriga, um dos históricos do Cunhadismo sãofirminense: “Eu, no meu tempo, a pessoa pedia dinheiro emprestado ao cunhado, nunca mais lhe pagava e ninguém levava a mal, porque ficava como um crédito. Quando o sogro morresse, abatia-se a dívida às partilhas e estava tudo pago. Hoje, por uma porcaria de uns cinco mil euritos, a pessoa não tem consideração nenhuma pelo cunhado e é logo um trinta e um! Pede fiador, cheques pré-datados, a chave do carro. Uma vergonha!”.


© Paulo Jorge Dias

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Goretti Cabeleireira detida por aplicação ilegal de madeixas

Dona do salão de estética foi intercetada pelas autoridades quando furou o confinamento para ir pintar o cabelo à Soraia do Quintino. Foi perseguida pela patrulha da guarda, mas conseguiu escapar deitando um balde de tinta para cima dos agentes, que ficaram completamente loiros, da cabeça até às sobrancelhas.


Durante o Estado de Emergência a atividade de cabeleireira foi remetida à clandestinidade e quem quiser arranjar o cabelo tem de o fazer às escondidas, se não vão presas e, pior do que isso, obrigadas a andar descabeladas.

Ao fim de 15 dias fechados em casa, os sãofirminenses fazem tudo e mais alguma coisa para fugir da quarentena. Uns agarram no carro e vão daqui à Póvoa do Varzim a dizer que vão buscar um remédio que só se vende nas farmácias de lá, outras saem de casa para ir ao talho todas despenteadas e voltam sem carne mas com o cabelo todo muito bem arranjado.

Foi o caso da Soraia do Quintino: “Olhe, mas o que é que você quer!? Eu, cada vez que olhava para o espelho, apanhava semelhante susto que até ficava taquicardíaca! O buço grande e as unhas descascadas eu ainda disfarçava com máscara e luvas. Mas o resto, valha-me Deus! O cabelo parecia uma esfregona… até já estava a ficar com a raiz preta. Prontos, tive que chamar a Goretti para me dar um jeitinho às madeixas”.

Como o Estado de Emergência obrigou ao fecho das cabeleireiras, a Goretti lembrou-se de enganar as autoridades colocando um letreiro a dizer Talho. E foi assim que, na passada terça-feira, abriu as portas para receber a Soraia, que precisava de se pôr bonita, porque se lhe estavam a acabar as fotografias para meter no Instagram.

“Só que os meus vizinhos aqui da rua são uns ordinários do caraco e foram logo fazer uma acusa. Passados nem 10 minutos, tinha dois GêNêéRres à porta, mas eu quilhei-os porque saltei pela janela de trás e fugimos eu e mais a cliente. Só que, por azar, a tinta ainda não estava bem seca, por isso, o cabelo foi a pingar até ao carro e os geninhos só tiveram que seguir o rasto de loiro 45”, contou o Goretti.

De imediato teve início a perseguição, com a patrulha da guarda a seguir de perto a carrinha da cabeleireira que, depois de várias manobras perigosas, acabou por desvencilhar-se dos agentes, lançando pelo vidro fora um balde de tinta para o cabelo. Atingiu o carro patrulha, partindo o parabrisas e acertando em cheio na cabeça dos dois GêNêéRres, que ficaram imediatamente loiros e tiveram de ser socorridos. À hora de fecho desta edição, os médicos estavam ainda a tentar recuperar a cor natural dos seus cabelos, mas com poucas esperanças. 

Entretanto, a Goretti escapou mas não por muito tempo. Alguns quilómetros mais adiante, o secador de cabelo que levava no colo caiu para o chão do carro e o fio ensarilhou-se-lhe nas pernas, impedindo-a de travar numa curva, o que a levou a despistar-se contra outro jipe da guarda, que fazia uma operação-stop. A cabeleireira foi logo ali detida pelo crime de aplicação ilegal de madeixas.

© Paulo Jorge Dias

quinta-feira, 16 de abril de 2020

São Firmino usa gelatina de bagaço para substituir álcool em gel

Desinfetante de mãos está a ser vendido a preços exorbitantes, o que leva os sãofirminenses a improvisar. Como o bagaço produzido na nossa região é 10 vezes mais forte do que o álcool etílico, o pessoal aqui da aldeia lembrou-se de fazer gelatina de bagaço e usá-la para desinfetar as mãos.


O desinfetante made-in São Firmino está a ser comercializado como Bagaço-Gel
e diz que mata o corona 10 vezes mais depressa.

Já se sabe que a melhor maneira de nos protegermos do Covid-19 é estar sempre a lavar as mãos e a desinfetá-las com álcool, de preferência com álcool em gel. Mas, desde que começou esta crise do Coronavírus que os preços dispararam de tal maneira que, nalgumas lojas, sai mais barato passar as mãos por whisky de 20 anos do que comprar o desinfetante.

"Eu cá sempre lavei as mãos com sabão rosa e, quando muito, limpava de longe a longe o esterco das unhas com lixívia negra, mas só quando tinha de ir a uma comunhão ou batizado. Agora, diz que a pessoa tem de desinfetar as mãos com álcool, mas eu para mim é um desperdício, porque álcool só se for para desinfetar um home por dentro, que é o que eu faço todos os dias de manhã, quando tomo uma cevada com um balão de bagaço", contou o Tino Tone, vendedor de canhotas que, à semelhança de toda a gente aqui da aldeia, passou a desinfetar as mãos com álcool, que é como deve ser.

Com as embalagens de 500 ml a atingirem preços na casa dos 30 e 40 euros, o povo de São Firmino não se conformou e decidiu inventar uma alternativa, que não pusesse em risco a saúde das suas carteiras nem a vida das pessoas. Vai daí, apareceu o Professor Vidrinhos, cientista amador da nossa terra, que passou uma semana a fazer testes ao bagaço sãofirminense ‒ e mais outra semana a recuperar da ressaca ‒ e chegou à incrível conclusão de que esta bebida é 10 vezes mais eficaz para matar o novo coronavírus do que o álcool dos desinfetantes.

“Ora bem, a gente já andava há uns meses a fazer experiências com uma gelatina de bagaço, que era para ver se convencíamos o pessoal mais jovem a tomar o gosto à pinga, porque a moçarada não é muito amiga de beber e, comendo o bagaço, se calhar marchava melhor. Vai daí, o Vidrinhos enfardou quilo e meio e, em antes de desmaiar, mandou-me engarrafar a gelatina e vendê-la como bagaço-gel desinfetante”, explicou o engenheiro Ampolas Antunes, assistente do Vidrinhos, que foi obrigado a tomar da investigação, depois do Professor ter entrado em coma alcoólico.

O produto está a ser um sucesso e garante elevado nível de proteção contra o vírus. Depois de aplicarem nos dedos, mesmo que as pessoas não resistam ao cheirinho a bagaço e lambam as mãos, a bebida é tão potente que não há Covide-19 que lhe resista. Entretanto, o Estado de Emergência está a ser respeitado por toda a gente em São Firmino, pelo menos durante o horário de trabalho. Porque, depois das 5 e meia, há sempre quem peça para ir fazer quarentena fora de casa, alguns até nos sítios mais improváveis, como explica o Sargento Óscar Bravo, comandante do nosso posto da Guarda.

“Pois, a nossa patrulha já se deparou com várias situações insólitas, nomeadamente um grupo de homens que quis fechar-se na boîte do Antero para fazer lá a quarentena, para além do caso de um pai de família que disse que ia só ali passear o cão e voltou três dias depois, sem roupa, nem dinheiro, nem o cão, mas cheio de chupões no pescoço e com as costas todas arranhadas”.


© Paulo Jorge Dias

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Extraterrestres visitam São Firmino

Estacionaram OVNI à porta do café do Herculano e foram tomar uma Macieira. À saída arranharam a carrinha do Gusto e raptaram um moço que toca na banda, que abandonaram em Ribeira de Pena.


Extraterrestres bêbados estacionaram de qualquer maneira à porta de casa, tendo um deles ficado a dormir toda a noite no jardim

Os habitantes de São Firmino andam aterrorizados e têm medo de sair de casa à noite, depois de se saber que os extraterrestres visitaram a aldeia no passado sábado à noite.

Segundo vários depoimentos recolhidos pelo nosso jornal, um OVNI sobrevoou a aldeia, tendo destruído várias antenas parabólicas e arrancado dois estendais com roupa interior feminina. A seguir, parou na bomba de gasolina do Simões, onde os dois ETs aproveitaram para ver a pressão dos pneus e mudar uma luz de travagem que estava fundida.

Eles entraram aqui muito verdes e eu até perguntei se eram da claque do Moreirense, mas eles disseram que não, que estavam mal dispostos porque tinham passado a tarde a beber vinho doce, numa quinta, ali na zona de Vila Fria. Pediram dois quartos de águas com gás e o mais baixinho foi a correr para a casa de banho chamar ao Gregório”, contou o Simões.

Depois disso, os extraterrestres meteram-se outra vez no OVNI e rumaram à rua principal, tendo estacionado à porta do café Herculano. Os clientes não estranharam porque estavam quase todos bêbados e porque andava por lá um cliente que é emigrante no Canadá e disse que era um destes carros elétricos novos, que se usam muito por lá.

Das duas, uma: ou eram marcianos ou eram de Alfaxim, porque eu conheço um moço de lá que é assim como eles. Meio orelhudo e anda sempre com o cabelo cheio de penachos, até parecem umas antenas”, disse o Herculano, que os atendeu ao balcão e lhes serviu duas Macieiras e um Croft. 

À saída, ainda houve uma discussão porque o OVNI arranhou o para-choques da carrinha do Gusto, mas os ânimos acalmaram-se quando o ET que ia ao volante disse que o tio era dono de uma oficina de chapeiro, em Pevidém, e o Gusto podia mandar lá a carrinha que não lhe levavam nada pelo arranjo.


Mas as peripécias dos dois extraterrestres não ficaram por aqui. Na mesma noite, terão raptado um jovem músico da Sociedade Filarmónica de São Firmino. O André da Sandrinha diz que regressava dos ensaios quando viu uma luz forte e desmaiou.

O moço acordou de manhã, já muito para lá de Fafe, e ligou aos pais para o irem buscar. A família já não estranha estas coboiadas porque já não é a primeira vez que ele apanha uma moca, põe-se empoleirado na ponte da autoestrada e faz chichi para cima dos carros”, explicou a Aidinha do Pomar, tia do jovem.

Desta vez terá corrido e mal e os extraterrestres podem não ter gostado de lhes terem urinado no para-brisas. Ou isso, ou então o André desequilibrou-se, indo cair na galera de um camião, onde adormeceu e só terá saído de lá de cima quando a viatura passou na portagem de Ribeira de Pena e, com os solavancos da Via Verde, ele foi atirado para a berma da estrada.


© Paulo Jorge Dias

quinta-feira, 23 de agosto de 2018

São Firmino muda-se de armas e bagagens para a Póvoa do Varzim e Vila do Conde


Nos primeiros dias de praia, o Costa Caseiro teve uma paragem de digestão, por causa da água do mar ser muito salgada, e o gang do Quitó roubou um tupperware com panados. O padre Ferreira já mandou avisar que vai fazer uma ação de fiscalização para controlar o tamanho dos biquinis e o Quintino Maluco fez-se passar por médico, para inspecionar os peitos das senhoras.



O Padre Ferreira avisou que vai fazer uma visita surpresa às praias da região, para fiscalizar o tamanho dos biquínis, obrigando a penitências pesadas em caso de topless


Quem chegar a São Firmino por estes dias há de pensar que se tratava de uma aldeia deserta. A culpa é das férias que, como já é tradição, levam a freguesia inteira para as praias da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, durante a segunda quinzena de agosto.


Está cá toda a gente! O Herculano fechou o café e desmontou uma barraca de praia para fazer lá dentro uma tasquinha, que está sempre cheia porque toda a gente quer ver o triquini da Belém. Também veio o João Orlando, da pastelaria Regueifas do Rio Vizela, que trouxe a prima Lucinha e andam os dois a vender bolas de Berlim e língua da sogra”, contou o Costa Caseiro.

Aliás, foi o Costa quem protagonizou o primeiro incidente, junto ao farol: “Mal aqui cheguei estava um calor que valha-me Deus e eu, olhe, atirei-me logo ao mar. Não sei se foi por beber  uma cerveja muito gelada, se foi por bater com a cabeça num penedo ou por a água estar muito salgada, só sei que se me parou a digestão e gomitei cá para fora o frango surrasco que comi em Balasar, que a gente ò pr'a cá faz lá sempre uma paragem para urinar e rezar à santinha”.

Quem promete não dar tréguas aos veraneantes é o padre Ferreira, que já avisou que não admite poucas vergonhas e vai fazer uma visita surpresa às praias da região, para fiscalizar o tamanho dos biquínis. “Ai daquela que eu apanhar a fazer topless ou com umas cuecas de fio dental na parte de baixo, daquelas que deixam as bochechas todas à mostra. É logo obrigada a rezar 50 ‘Pai Nossos’ e 30 ‘Avé Marias’, ali no meio do areal”, avisou o padre.

Além desta ação de fiscalização, que será feita com a ajuda da Rosa pequenina e do Camilo sacristão, o Padre pretende também celebrar uma missa na esplanada do Caximar. “O senhor padre até pediu ao dono do restaurante que emprestasse o aparelho do Karaoke, porque notou que muita gente só canta o refrão do ‘Santo é o Senhor’ e ele quer ver toda a gente a cantar a música até ao fim”, explicou o sacristão.

Igualmente presente está o o temido Gangue do Quitó. O famoso grupo de meliantes hospedou-se em casa de um pescador que já esteve preso com o César francês, em Paços de Ferreira, e já começou a fazer das suas.

Em cinco dias já foram registados três assaltos. No primeiro, foi roubada uma geleira com garrafas de cerveja e um Sumol de ananás, no segundo os ladrões levaram um tupperware de panados e uma garrafa de espadal que estava a refrescar à beira mar e, no terceiro assalto, foi levado o pano de uma barraca, fazendo passar uma vergonha ao casal que estava lá dentro a fazer o amor”, contou à nossa reportagem um agente da Polícia Marítima, que pediu o anonimato, porque entretanto se envolveu com a Sónia Badalhoca e não quer que ela saiba o verdadeiro nome dele, até porque disse que se chamava Jason Statham e ela acreditou.

Outro motivo de preocupação para as autoridades é o famoso doente mental Quintino Maluco. Ninguém estava a contar com ele, mas o Quintino lá arranjou maneira de fugir novamente da Casa Amarela, em Barcelos. Mal ouviu dizer que as mulheres de São Firmino andavam pela praia em biquíni, enfiou-se no cesto das cuecas e meias sujas e saiu da casa de saúde escondido na carrinha da lavandaria.

Pelo meio, aproveitou para roubar uma bata de médico e, mal chegou a Vila do Conde, dirigiu-se às mulheres da nossa freguesia, apresentando-se como Inspetor Geral das Atividades Mamárias, com o pretexto de lhes fazer um exame aos peitos. “Ai, ele foi muito meiguinho e até me detetou um problema de saúde. Diz ele que eu sofro de pelos nos mamilos e receitou-me uma pinça para os tirar”, disse a Zeza, que esteve cerca de meia hora fechada na barraca com o Quintino.

© Paulo Jorge Dias

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Disseram aos vizinhos que iam de férias e ficaram fechados na garagem


Uma família de São Firmino não tinha dinheiro para as férias, mas fez de conta que foi de viagem e escondeu-se na garagem de casa. Vizinhos ouviram barulhos e viram fumo do grelhador, por isso chamaram os bombeiros que entraram pela casa dentro e descobriram-nos a falsificar selfies para porem no Facebook, a fazer de conta que estavam no Brasil.




Família punha imagens bonitas na televisão e tirava fotografias a fazer de conta que estavam de férias num destino paradisíaco.

Todos os anos, por esta altura do ano, repete-se o ritual. Centenas de famílias de São Firmino deixam a nossa aldeia, rumo às praias para aproveitarem a segunda quinzena de férias no Algarve, na Póvoa do Varzim ou, para os menos abonados, num tanque ali em Alfaxim que faz o efeito de uma piscina.
Claro que alguns alargam-se nos gastos durante as Festas de São Firmino e, depois, não lhes sobra dinheiro para ir para fora. É o caso da família do Zé Vítor das Trinchudas que, apesar de ter gasto o subsídio de férias todo em bifanas e farturas, convenceu toda a gente que ia passar 15 dias ao Brasil.
Eles andaram a espalhar por aí que embarcavam no dia 15 para Fortaleza e iam lá estar até ao fim do mês num Hotel de 5 estrelas, com tudo incluído. Saíram daqui com as malas na capota do carro, até levavam a escova de dentes ao dependuro e tudo. Foi-se a ver, era tudo mentira e estavam escondidos na loja”, contou o João Gregório, vizinho da frente e afamado coscuvilheiro de São Firmino.
Ao que parece, o Zé Vítor e mulher, a Cristininha, aperceberam-se que o dinheiro não chegava para irem de férias e, por isso, armaram um esquema: durante os 15 dias em que deviam estar fora esconderam-se na garagem e ficaram muito caladinhos, que é para ninguém perceber que estavam em casa.
Para enganar o povo, começaram a falsificar selfies deles a passear no Brasil. Punham a dar na televisão imagens de praias todas bonitas e, depois, metiam-se em frente ao ecrã e tiravam fotografias a fazer de conta que lá estavam”, contou a Silvinha da Agência de Viagens Guerra. A funcionária explicou que, realmente, o Zé Vítor chegou a ter a viagem marcada, mas desistiu quando descobriu que era o slogan da empresa era “Agência de Viagens Guerra – ou pagas ou ficas em terra”.
Durante alguns dias o esquema resultou e as pessoas acreditaram mesmo que as fotografias que eles meteram no Facebook eram verdadeiras. Pensavam que a família estava nas praias do nordeste brasileiro quando, na verdade, estavam os cinco fechados na garagem, a comer salsichas e arroz de atum, todos muito caladinhos que era para ninguém os ouvir.
Até que, na sexta-feira, o vizinho João Gregório começou a ver fumo a sair da garagem: “Para ficaram morenos, o Zé Vítor ligou o grelhador e puseram-se todos em frente a ele, a apanhar calor e a tostar. Ora, a gente não sabia e, pensando que estava a arder a casa, chamamos os bombeiros. Quando eles arrombaram a porta da garagem viram a família lá toda escondida... que vergonha!”.
O caso foi muito falado em toda a aldeia de São Firmino e, para não ter de encarar os vizinhos, a família do Zé Vítor diz que foi passar uns dias numa casa de turismo rural, ali para os lados do Gerês. Mas os vizinhos desconfiam que desta vez esconderam-se todos na corte dos porcos.
© Paulo Jorge Dias


quinta-feira, 29 de março de 2018

Padre manda compasso ao Algarve para apanhar famílias que foram de férias

Muitas famílias de São Firmino aproveitam a Páscoa para tirar férias e, quando o compasso vai a casa deles, bate com o nariz na porta. Para acabar com esse flagelo, o Padre Ferreira mandou o Osvaldo da Comissão Fabriqueira para as praias algarvias, onde vai dar a cruz a beijar aos saofirminenses. Leva também um multibanco portátil para os fiéis não terem desculpa para não pagar a obrada.
Há 2 anos, o Padre Ferreira enviou um seminarista ao Algarve, durante a Páscoa, mas este desapareceu misteriosamente. Para evitar novo fracasso, desta vez foi o campeão da cobrança de obradas, Osvaldo da Comissão Fabriqueira.



Este ano, além dos vendedores de gelados e bolas de Berlim, as praias do Albufeira, Tavira e Armação de Pêra vão ter uma nova atração: uma cruz do compasso, que vai andar pelo areal à procura de paroquianos de São Firmino que estejam de férias no Algarve.

A ideia é combater esse flagelo que tem custado milhares de euros aos cofres da paróquia. Isto porque, todos os anos, muitas famílias aproveitam as férias da Páscoa para saírem de São Firmino e assim terem uma boa desculpa para não abrir a porta ao compasso.

"Eles julgam que brincam comigo mas eu vou quilhá-los bem quilhados. Quando eles estiverem lá, de nalgas viradas para o sol e a tirar selfies para meter no Facebook... tunga! Aparece-lhes o Osvaldo e os escuteiros com a cruz e eles vão ter que beijar o senhor e pagar a obrada, que eles lá por irem ao Algarve não julguem que são mais que os outros", explicou o Padre Ferreira, em conferência de imprensa.

Batizada de “Operação Páscoa na Praia”, esta missão vai levar um multibanco portátil, a pensar nas pessoas que usam a desculpa do “ai, nunca trago dinheiro para a praia”. A operação mobilizou ainda uma equipa de elite, liderada pelo Osvaldo, considerado o melhor cobrador de obradas pela Arquidiocese de Braga, pelo 5.º ano, consecutivo.

“Ele é do caraco! Se a pessoa faz de conta que não está, ele bate à porta horas a fio até o desgraçado se cansar. Até houve uma vez que a gente percebeu que havia povo lá dentro e ele não esteve com mais: agarrou na cruz e usou-a como se fosse um pé de cabra para arrombar o portão de casa”, disse o Camilo Sacristão.

Com o Osvaldo segue também o Delfim Rasteirinho, conhecido por entrar por janelas, postigos e chaminés, quando os paroquianos se escondem em casa para não abrir a porta ao compasso. “Um dia, lembrou-se e subiu ao telhado pela caleira e, quando chegou lá acima, levantou as telhas e deu com a família do Celso da Cartonagem na sala, a ver televisão. Vai daí, agarrou no balde com água benta e... chus! Entornou-o pela cabeça do Celso”, lembrou o Osvaldo.

A equipa inclui ainda a Célia do Cardoso que, segundo diz o povo, tem visão Raio X. Isto porque só de olhar para o envelope ela vê logo se está vazio ou se tem só uma nota de 5 euros, obrigando a pessoa a meter pelo menos 10, se não ninguém lhe sai da porta de casa.

A missão no Algarve vai ainda contar com o apoio de alta tecnologia, visto que o Padre Ferreira recorreu aos serviços do Nelinho Busca-pólos, afamado inventor de São Firmino, que criou um drone para sobrevoar as zonas balneares do Algarve. O aparelho vai filmar em tempo real os turistas e as imagens vão ser transmitidas para a sacristia, em São Firmino, onde a Camila do Chico da Lavadura – famosa coscuvilheira que reconhece toda a gente da aldeia – estará em frente a um ecrã gigante, a identificar os nossos paroquianos, comunicando depois via rádio a sua localização ao Osvaldo.

Também se pensou em pôr a circular na Via do Infante uma viatura descaraterizada, preparada para detetar e perseguir os paroquianos mal chegassem ao Algarve, obrigando-os logo ali a parar, beijar a cruz e entregar o envelope. Mas o recente aumento no preço dos combustíveis levou o Padre Camilo a adiar este projeto. 


© Paulo Jorge Dias

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Zombies espalham o terror em São Firmino

Foi uma madrugada de medo e histeria. Correu a notícia que dois mortos-vivos tinham saído do cemitério e o povo, em pânico, desatou a fugir. Mais tarde descobriu-se que, afinal, os zombies eram só o Rubem e o Fábio que tiveram um acidente de motorizada, foram projetados para dentro de uma campa e saíram de lá todos esfarrapados, desdentados e cheios de lama.

A Famell do Rubem ficou neste triste estado, depois do acidente. Vinham ao despique com uma bruxa e, como a vassoura dela era mais rápida, acionaram o nitro e despistaram-se. 


A freguesia de São Firmino acordou em polvorosa. Havia povo aos gritos, a fugir pela rua fora e a dizer que vinham aí os zombies. O alerta foi dado pelo coveiro que desatou aos berros a dizer “Aque de Rei, que os mortos-vivos vêm aí para nos comer a mioleira!”.

Gerou-se o caos junto à Igreja, onde muita gente esperava pelo início da missa das 7h00. Houve ataques de pânico, houve quedas de senhoras que não conseguiam correr por causa dos sapatinhos de domingo e houve ainda guarda-chuvadas em dois escuteiros que aproveitaram a confusão para apalpar os peitos às catequistas.

Mas houve quem não acreditasse na história, como é o caso do Veloso dos Cortinados: “Eu tinha ido tomar café e meio bagaço ao Snack-Bar Herculano quando me disseram 'Ò Veloso, tu põe-te à tabela, que andam aí dois zómbes à solta e já os viram a jogar futebol com a cabeça de um drógado'. E eu, por um acaso, estranhei porque a minha Camila passa as noites a ver aquele filme de zómbes que dá na parabólica e, que eu me lembre, nunca lá vi nenhum zómbe a jogar futebol. Se ainda fosse andebol, ainda vá que não vá, porque a pessoa pode agarrar nos cabelos e atirar a cabeça para a baliza. Agora futebol? Nãh...”.

E o Veloso tinha razões para desconfiar. É que, afinal, não se tratavam de zombies mas antes do Rubem e do Fábio, dois jovens sãofirminenses que são adeptos da velocidade e atividades radicais. Segundo nos contou uma testemunha, ambos estiveram a noite toda a mamar Gin Tónico na discoteca Eskadote e, quando voltavam para casa, ter-se-ão picado com uma bruxa que vinha numa vassoura topo de gama. Como não queriam que uma mulher lhes ganhasse, acionaram a botija de nitro que traziam na Famel e, ao fazer a curva do cemitério, despistaram-se.

Mas o Rubem tem uma versão muito diferente: “O que se passou foi que a gente foi para a náite, encontrámos lá a Sandrina do Almude e Meio e a moça cismou que havia de namorar com o Fábio. Ele chateou-se e disse-lhe 'Não falo mais par ti', mas ela ateimou e a gente teve que fugir. Só que ela veio atrás de nós com a Toyota Hiace do pai dela e, ao passar ao cemitério, bateu-me com o para-choques na roda de trás e a motorizada fugiu-me, estampei-me contra o muro e nós os dois fomos pelo ar e caímos dentro de uma campa aberta”.

Lá dentro, os dois jovens ficaram cobertos de lama, esfarrapados e, pior do que isso, com os dentes partidos porque bateram com a cara numa enxada que o coveiro deixou esquecida lá dentro. Quando conseguiram sair da cova, naquele triste estado, terão sido confundidos com zombies.

“A gente estávamos aflitos e pedimos socorro ao Sérgio Coveiro mas ele desatou a fugir e empurrou a mulher dele para cima de nós. Até disse 'Comei a minha Aurora que é cabeçuda e, por isso, tem mais miolos para esbichar'!”, contou o Fábio. Rapidamente a notícia correu pela aldeia, os sinos tocaram a rebate e, passado o pânico inicial, o povo juntou-se para enfrentar os alegados zombies.

“O meu Marco Adalberto foi à Internet ver como é que se matavam os zómbes e descobriu que era preciso cortar-lhes a cabeça. Vai daí, mandei-o ir a casa buscar a catana que o meu sogro trouxe da Guiné, agarrei nela, fiz mira e... zás. Mandei-lhe uma catanada! Só que o moço agaixou-se e só lhe cortei um carrapito de cabelo que ele tinha em cima”, explicou o Álvaro dos Contrapilas.

Por sorte, nessa altura começou a chover e foi aí que saiu a lama e o sarro dos zombies e percebeu-se que eram o Rubem e o Fábio, que ainda assim não se livraram de um tareão, por terem assustado o povo e entortado a enxada do coveiro com os queixos.

© Paulo Jorge Dias

sexta-feira, 10 de março de 2017

Camião do circo tombou na rotunda e os animais andam à solta

São Firmino tornou-se numa espécie de Jardim Zoológico a céu aberto. Dezenas de animais selvagens passeiam-se pela aldeia, depois de um acidente com o camião do circo. Jiboia entrou pela canalização e agora anda a sair pelas sanitas, tigre tentou assaltar o talho e levou um tareão do Américo e a zebra foi atropelada depois de ser confundida com uma passadeira.

O dono do circo Pereirini diz que o chimpanzé está habituado a conduzir carros e camiões, mas despistou-se porque naquele dia se enervou ao ver um gato na estrada.

Tudo aconteceu na quarta-feira, dia em que estava prevista a chegada a São Firmino do Circo Pereirini, cuja visita era há muito aguardada pelos homens da aldeia, depois da inesquecível atuação do ano passado, quando a trapezista Senhorinha falhou um salto e aterrou de pernas abertas na cara do presidente da Junta. Mas tudo ficou adiado devido ao trágico acidente de viação.

Olhe, isto foi um azar. O Patrício, que é o nosso condutor do trailer, parou na beira da estrada para ir comprar umas nêsperas e uns pêssegos carecas ali em Lustosa. Mas, como a mulher da fruta o enganou no troco, voltou para trás a reclamar e, quando deu por ela, já o camião ia estrada fora”, explicou Zequinha Pereira, dono do circo e domador de lontras.

Inicialmente, ainda se constou que tinha sido o gangue do Quitó a levar a viatura para ir vender o elefante ao matadouro, mas depois percebeu-se que, afinal, foi um chimpanzé que – não se sabe muito bem como – abriu a porta da jaula e saltou para o volante do camião que trazia os animais do circo.

Ò senhor, o problema não foi o chimpanzé Chiquinho ir a guiar o camião, porque o bicho já fez muito quilómetro e nunca houve nenhum azar. O Patrício disse-me a mim que muitas vezes lhe dava o sono a meio da viagem e passava o guiador para as mãos do Chiquinho. Ele era capaz de ir direitinho daqui até ao Algarve e se fosse preciso até metia gasóleo sem acordar o chófer. O problema foi mas é o raio do gato”, disse o Zequinha.

Isto porque o chimpanzé, ao chegar à rotunda dos capotanços – situada à entrada de São Firmino – avistou um gato no meio da estrada e guinou o volante, para ver se lhe acertava, uma manobra que terá aprendido com o motorista Patrício. Perdeu o controlo do camião que galgou a rotunda e tombou para o lado, abrindo a porta e deixando fugir mais de 20 animais.

Ai Jasus, que aquilo era a fim do mundo... só bichos e mais bichos! Mais parecia que a BBC Vida Selvagem tinha fugido pela televisão fora. Eu estava na esplanada do Herculano e, nisto, aparece uma foca e rouba-me o fino com Martini. Foi aí que se me subiram os nervos à cabeça, agarrei num camelo que vinha a passar e espetei-lhe dois morros no focinho. Só depois é que dei conta que era o meu afilhado que é um mamão de primeira mas, coitado, não tem culpa de ter cara de camelo”, disse o Bino da Tia Ção.

Os animais lançaram o pânico na aldeia, provocando estragos e inúmeros acidentes de viação, tendo o primeiro envolvida a zebra. Foi atropelada por um bêbado numa fraguneta, que a confundiu com uma passadeira e, como ninguém em São Firmino para nas passadeiras, acelerou e mandou-a para o posto médico, onde foi atendida por um pintor das obras que passou três quartos de hora a retocar-lhe as riscas.

Pouco depois foi a vez do tigre fazer estragos, tentando roubar meia vitela, como explica o dono do Talho Américo: “Eu estava no frigorífico a dar um jeito nas febras da Sónia Badalhoca e sai-me o bicho de dentes arreganhados, já com a vitela agarrada às unhas e digo-lhe eu assim 'Tu não me arregales os olhos'. Ele bufou-me e... parus! Dei-lhe com quilo e meio de entremeada na boca que ele ficou para ali esticadinho no meio do chão, que mais parecia um tapete de arraiolos”.

Mais sorte teve a jiboia Lili, que conseguiu abrir uma tampa de saneamento e refugiar-se na rede de esgotos, onde permanece até hoje. Já foi vista a sair de dentro de várias sanitas o que levou dezenas de sãofirminenses a deixarem de ir à casa de banho, com medo de levarem uma ferradela nas bochechas de baixo. Em vez disso vão fazer as necessidades nas hortas, o que faz adivinhar um ano de muito boa colheita agrícola.

© Paulo Jorge Dias

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Taxistas de São Firmino protestam contra transporte ilegal

Os taxistas da nossa freguesia acusam de concorrência desleal um serviço de transporte às cavalitas, que funciona através da Internet e permite às pessoas chamaram um carregador que, por metade do preço, as leva às costas até ao seu destino. O caso já levou a agressões, tendo os taxistas enfiado a cabeça de um carregador na sanita e dado a descarga.

Cada viagem às cavalitas pode custar 1 euro por quilómetro e o passageiro
pode levar as sacas de compras penduradas na boca nos moços.



O serviço é recente mas já é um sucesso na aldeia de São Firmino. Onde quer que a pessoa esteja, basta pegar no telemóvel e chamar pela Internet um carregador, que em poucos minutos vai ao seu encontro e carrega a pessoa às costas até ao seu destino.

Olhe, senhor, a mim dá-me um jeito muito grande porque eu ò sábado vou à feira, a Vizela, e se vou estar à espera da camineta é um atraso de vida porque eu, quando lá chego, as feirantes já só me querem impingir nabiças murchas e diospiros tão relados que nem os porcos os querem. Ò pr'a cá, costumava vir no táxi do Fredo, só que ele é um aldrabão, porque pôs um fundo falso na mala do carro e rouba-me metade das compras”, contou a Ernesta do Cabral, cliente assídua do transporte às cavalitas.

Além da rapidez, os clientes dizem que é mais barato principalmente porque não cobram taxas extra pela carga que o passageiro leva. Os carregadores transportam as pessoas às costas e, pelo mesmo preço, trazem as sacas equilibradas na cabeça ou presas aos dentes. “E até temos um moço que tem umas orelhas de abano que dão muito jeito porque o passageiro pode lá pendurar as cestas das compras”, explica o Paulinho de Paçô Vieira, criador deste serviço.

O negócio agrada a quase toda a gente, menos aos taxistas que perdem clientes e se queixam de concorrência desleal. “Quer-se dizer, eles não pagam gasóile, nem pneus, nem têm que deixar uma nota de 20 no cinzeiro do carro, sempre que levam o carro à inspeção. Assim até eu fazia mais barato! E o pior é que eles enganam as pessoas, porque não me venham dizer a mim que andar num carro de praça é tão confortável como ir às costas de um marreco qualquer. Às cavalitas tem de apanhar com fedor a suor do moço, enquanto no meu táxi não cheira a nada disso... só a bicho morto, porque tenho um gato entalado na solfage e ainda não tive vagar para ir lá raspá-lo”, disse o taxista Emílio Barbas.

O empresário do transporte às cavalitas nega as acusações, afirmando que o seu serviço tem custos acrescidos: “É mentira que a gente não tenha despesas! Fiquem sabendo que tenho de mudar as solas dos sapatos de 5 em 5 mil quilómetros e, certas noites, não me chegam 30 euros em Reumon-Gel para as dores nas costas. Sim que isto de carregar com as moças às costas não é brincadeira. No outro dia fui levar a Zeza a um jantar, em Felgueiras, e ò outro dia tive de ir ao endireita, que eu mal me conseguia mexer”.

O Paulinho de Paçô Vieira acusa ainda os taxistas de agredirem os seus funcionários, sendo que o caso mais grave ocorreu na semana passada, quando foram chamados para ir buscar um velhote ao Snack-Bar Herculano. “Fizeram uma espera ao meu empregado, deram-lhe uma carga de lenha e, no fim, agarraram nele, enfiaram-lhe a cabeça na sanita e deram a descarga. A sorte é que o carregador tinha o cabelo à escovinha e, como conseguiu limpar o sarro da retrete, o Herculano ficou tão contente que, de recompensa, deu-lhe 20 euros e já ganhou a tarde”, explicou o Paulinho.


© Paulo Jorge Dias

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Ano letivo começa com obras na escola

Escola de São Firmino vai ser inaugurada na véspera das eleições mas, até lá, os alunos têm aulas no meio das betoneiras. No primeiro dia, a professora levou com um tijolo na cabeça e teve de ser um trolha a ensinar os alunos.

Afonso Gonçalo, do 1.º ano, foi o vencedor do concurso de desenho sobre o regresso às aulas

É a confusão total na EB 1 de São Firmino. As obras atrasaram-se e, por causa disso, os alunos têm aulas no meio de um autêntico estaleiro.
“É um perigo! Logo no primeiro dia de escola a professora levou com um tijolo na cabeça e quem acabou de dar a aula foi o Tino Trolha. O meu Márcio chegou a casa a dizer que aprendeu a abrir garrafas de Super-Bock com os dentes. Se era para lhe ensinar coisas dessas, ao menos que fosse a abrir garrafões de vinho, que o meu marido não bebe cerveja”, disse ao nosso jornal a Mónica da tinturaria.
Mas as queixas não ficam por aqui. Alguns pais estão revoltados porque a Junta deixou de servir o lanche da manhã às crianças e, por isso, o pessoal das obras decidiu ajudar e leva-os ao café, comer Bolicaos e beber finos com Martini.
“E não é só isso. Os moços têm aulas sem condições nenhumas: em vez das mesas estão a trabalhar em cima de tábuas – ainda no outro dia ligaram uma serra, sem querer, e cortaram um caderno a meio –, se for preciso afiar um lápis têm de pedir uma rebarbadeira ao mestre de obras e, pior ainda, os trolhas estão sempre a pedir-lhes emprestados os Magalhães para falarem com as moças no Facebook”, contou o Natário das alcatifas.

Além disso, os pais queixam-se dos trabalhos de casa, principalmente os exercícios de matemática, como este que tiveram de resolver na semana passada: “A obra de reabilitação da escola foi adjudicada por 250 mil euros, mas o custo real dos trabalhos vai ser de 120 mil. Quanto dinheiro vai ser metido ao bolso pelo construtor e pelo presidente da Junta?”.
Mas o pior é mesmo a língua portuguesa. Como o pessoal das obras está sempre a cantar alto, os alunos não ouvem as professoras e, quando é para fazer ditados, passam a aula a escrever as letras das músicas do Quim Barreiros.


© Paulo Jorge Dias 

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Alunos da primária levaram canas de pesca para o SeaLife

Quando souberam onde era o passeio da escola, os pais, em vez de prepararem o farnel, ensinaram os filhos a pescar e mandaram-nos trazer comida para o jantar. Nessa noite, em São Firmino, houve que comesse caldeirada de tubarão e sopa de nabiças com tartaruga.

Zefinha do Almeirão diz que foi o pai quem ensinou o filho a pescar no aquário de casa.

Na última sexta-feira, os funcionários do conhecido aquário do Porto não ganharam para o susto. Os alunos daNa última sexta-feira, os funcionários do conhecido aquário do Porto não ganharam para o susto. Os alunos da escola primária de São Firmino foram lá fazer o passeio da escola e entraram todos equipados com canas, carretos e cestos de pesca.

Durante as duas horas da visita, as crianças sãofirminenses pescaram várias espécies e, no final, grelharam-nas num fogareiro improvisado, no Castelo do Queijo. Ao que tudo indica, a culpa será dos pais que, este ano, optaram por não preparar o tradicional farnel.

“Olhe uma coisa, a nós as professoras disseram que o passeio era a um sítio onde havia muito peixe, na zona do Porto. Ora, a gente pensou que fosse para aí a lota de Matosinhos. Para que é que havíamos de fritar rissóis e panados se a canalha é só deitar a cana de pesca e sai logo uma tainha”, disse a Susaninha do Almeirão, mãe de um dos alunos.

Outras mães mostraram-se orgulhosas com o jeito dos filhos para a pesca. Foi o caso da Zefinha do Pomar: “Ai, que categoria que aquilo é. Nessa noite jantámos uma sopinha de coive-nabiça com tartaruga que foi de comer e chorar por mais. Já não gostei tanto da caldeirada de tubarão porque o bicho ficou mal passado e ainda deu uma ferradela no braço do meu hóme”.

As professoras admitem que estranharam quando viram as crianças a entrar para a camioneta sem as habituais mochilas e geleiras. Em vez disso, levaram canas de pesca e latinhas de minhocas. A direção da escola admite agora abrir processos disciplinares.

O motorista de autocarro, Tony das Carreiras, saiu entretanto em defesa dos alunos: “Esteja calado que se não fossem eles nós a esta hora ainda estávamos lá no Porto. À vinda embora a camioneta não queria pegar e os moços foram lá dentro, trouxeram duas enguias elétricas, ligaram-nas à bateria e o motor pegou que foi uma maravilha”.

Há também o caso de um pai que nega as acusações que recaem sobre o seu filho: “É mentira. O meu Rodrigo Mickael não levou cana de pesca nenhuma… levou mas foi um camaroeiro que eu pedi-lhe para me trazer uns chocos. Assim fazemos o chamado dois em um: traz o jantar e aproveitamos a tinta dos chocos para carregar a impressora que anda há dois meses sem tinteiro”.

Este não é o primeiro incidente em estabelecimentos deste género, que envolve pessoas de São Firmino. Em Agosto do ano passado, a família do Tozé da Churrasqueira foi apanhada pelos seguranças do Zoomarine, no Algarve, a tentar meter um golfinho na mala do carro, com o objetivo de o assarem na brasa e comerem com arroz malandrinho.

© Paulo Jorge Dias

sexta-feira, 28 de março de 2014

Cientista de São Firmino inventa máquina automática de venda de pica no chão

Nelinho Busca-pólos começou a fazer engenhocas aos 7 anos quando criou um aparelho para lhe fazer os deveres. Agora, acaba de inventar uma máquina igual às que vendem sandes e bebidas, com a diferença de que esta vende pica no chão ainda quentinho.




Leia o resto da notícia na edição desta semana do RV Jornal.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Onda gigante varreu a rua principal

Água começou a subir pela praia fluvial, entrou pela rua principal, virou à esquerda, parou no Snack-Bar Herculano para beber um fino com Martini e avançou pela aldeia dentro. Américo do Talho ficou sem moiros e salpicões, que acabaram por ser apanhados num torneio de pesca desportiva.

Leia o resto da notícia na edição desta semana do RV Jornal

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Pescador apanha robalo no Rio Vizela

O Oliveira Estofador pescou um robalo de quilo e meio, na praia fluvial de São Firmino. Na mesma semana foram apanhados, na zona, um polvo e uma embalagem de delícias do mar.




Nunca se tinha visto tal coisa, na nossa freguesia, nem em todo o Rio Vizela. Quando saiu para a pesca, de manhã, o Oliveira nunca imaginou que, ao fim do dia, havia de trazer para casa um robalo de quilo e meio.

“A minha mulher nem se acreditou, até pensou que eu tinha-o ido comprar à peixaria! Mas olhe que eu desde manhazinha que tinha um palpite que ia fisgar qualquer coisa. Lancei a cana à primeira e saiu-me uma galocha da ‘Élou Quiti’. Lancei a cana à segunda e saiu-me um saco do ELeclerc com um frango do campo. À terceira, olhe, foi de vez: saiu-me o robalo”, lembrou o pescador.

O Oliveira já pesca no Rio Vizela há mais de três décadas e não é a primeira vez que captura uma espécie invulgar: “Aqui há uns 15 anos, andava eu ali na Cascalheira e quase que apanhava uma cobra. O Tónio da Lela ainda hoje diz que era uma mangueira, mas a mim ninguém me tira da cabeça que era uma jiboia. Outra vez também pesquei uma motorizada, mas depois apareceu o dono e tive que lha entregar”.

Um facto curioso é que, nos últimos dias, na mesma zona, foram pescadas outras espécies que nunca tinham sido vistas no Rio Vizela. Em Santo Adrião foi pescado um polvo e, em Lagoas, uma embalagem de delícias do mar.

Alguns especialistas admitem que a origem do problema pode estar no aquecimento global, ou então, no despiste que a Chica Peixeira teve quando fugia à GNR, alegadamente por infringir o código da estrada, ao conduzir de croques e meias grossas. Segundo o nosso jornal conseguiu apurar, a comerciante despistou-se e a carrinha de peixe foi parar ao rio, para onde caiu parte da carga.

© Paulo Jorge Dias, 2014