Mostrar mensagens com a etiqueta Coisas do diabo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Coisas do diabo. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Goretti Cabeleireira detida por aplicação ilegal de madeixas

Dona do salão de estética foi intercetada pelas autoridades quando furou o confinamento para ir pintar o cabelo à Soraia do Quintino. Foi perseguida pela patrulha da guarda, mas conseguiu escapar deitando um balde de tinta para cima dos agentes, que ficaram completamente loiros, da cabeça até às sobrancelhas.


Durante o Estado de Emergência a atividade de cabeleireira foi remetida à clandestinidade e quem quiser arranjar o cabelo tem de o fazer às escondidas, se não vão presas e, pior do que isso, obrigadas a andar descabeladas.

Ao fim de 15 dias fechados em casa, os sãofirminenses fazem tudo e mais alguma coisa para fugir da quarentena. Uns agarram no carro e vão daqui à Póvoa do Varzim a dizer que vão buscar um remédio que só se vende nas farmácias de lá, outras saem de casa para ir ao talho todas despenteadas e voltam sem carne mas com o cabelo todo muito bem arranjado.

Foi o caso da Soraia do Quintino: “Olhe, mas o que é que você quer!? Eu, cada vez que olhava para o espelho, apanhava semelhante susto que até ficava taquicardíaca! O buço grande e as unhas descascadas eu ainda disfarçava com máscara e luvas. Mas o resto, valha-me Deus! O cabelo parecia uma esfregona… até já estava a ficar com a raiz preta. Prontos, tive que chamar a Goretti para me dar um jeitinho às madeixas”.

Como o Estado de Emergência obrigou ao fecho das cabeleireiras, a Goretti lembrou-se de enganar as autoridades colocando um letreiro a dizer Talho. E foi assim que, na passada terça-feira, abriu as portas para receber a Soraia, que precisava de se pôr bonita, porque se lhe estavam a acabar as fotografias para meter no Instagram.

“Só que os meus vizinhos aqui da rua são uns ordinários do caraco e foram logo fazer uma acusa. Passados nem 10 minutos, tinha dois GêNêéRres à porta, mas eu quilhei-os porque saltei pela janela de trás e fugimos eu e mais a cliente. Só que, por azar, a tinta ainda não estava bem seca, por isso, o cabelo foi a pingar até ao carro e os geninhos só tiveram que seguir o rasto de loiro 45”, contou o Goretti.

De imediato teve início a perseguição, com a patrulha da guarda a seguir de perto a carrinha da cabeleireira que, depois de várias manobras perigosas, acabou por desvencilhar-se dos agentes, lançando pelo vidro fora um balde de tinta para o cabelo. Atingiu o carro patrulha, partindo o parabrisas e acertando em cheio na cabeça dos dois GêNêéRres, que ficaram imediatamente loiros e tiveram de ser socorridos. À hora de fecho desta edição, os médicos estavam ainda a tentar recuperar a cor natural dos seus cabelos, mas com poucas esperanças. 

Entretanto, a Goretti escapou mas não por muito tempo. Alguns quilómetros mais adiante, o secador de cabelo que levava no colo caiu para o chão do carro e o fio ensarilhou-se-lhe nas pernas, impedindo-a de travar numa curva, o que a levou a despistar-se contra outro jipe da guarda, que fazia uma operação-stop. A cabeleireira foi logo ali detida pelo crime de aplicação ilegal de madeixas.

© Paulo Jorge Dias

segunda-feira, 2 de março de 2020

Vírus dos chineses já chegou a são Firmino

O Vítor China entrou no café a tossir e aos espirros. Levou dois cachaços para lhe passar o catarro, mas como não melhorou ficou internado no sótão do Posto Médico. Já a Lígia Cabeçuda foi à Loja dos Chineses e voltou com febre, por isso está de quarentena no quarto da pensão onde dorme um médico de Quarteira que está aqui a fazer o estágio. 


À falta de máscaras, o povo inventa de tudo um pouco, até há quem rasgue os garrafões de plástico e os meta a tapar a cara, que é para o vírus não entrar.


A aldeia de São Firmino está em estado de alerta, depois de terem surgido os dois primeiros casos da doença que está a assustar o mundo e que é conhecida entre nós como Vírus dos Chineses. Vitor China e Lígia Cabeçuda apresentaram sintomas do coronavírus e estão já internados para não contagiar mais ninguém.

"A gente estava aqui tudo na boa, a mamar finos e a ver futebol, quando aparece o Vítor com o nariz a pingar… era atchim para aqui, atchim para ali. De repente, dá semelhante espirro que nos encheu o ecrã do plasma com perdigotos e aí, o pessoal não teve perdão. Enfiei-lhe duas bem dadas no cachaço e, de castigo, ele ficou nos cuidados intensivos, que é como quem diz: fechado no sótão do Centro de Saúde, com uma garrafa de bagaço ligada às veias", explicou o enfermeiro Quim Carlos, que estava de folga mas ainda assim prestou os primeiros cuidados de saúde ao Vítor.

Apesar das pessoas de fora acharem que ele tem origem asiática, a verdade é que o Vítor China é assim chamado por ter a cara muito redonda e os olhos achinesados. Os médicos também suspeitaram que ele tivesse viajado para a Ásia, mas o povo riu-se quando ouviu isto. Não só o Vítor nunca foi à China, como não foi a mais lado nenhum. Aliás, há fortes suspeitas de que ele nunca tenha saído daqui da zona, sendo que o sítio mais longe onde o viram foi num café em Infias e só porque lhe disseram que ali as raspadinhas davam sempre prémio.

Os sãofirminenses ainda não estavam refeitos deste primeiro susto e logo foram surpreendidos por uma nova suspeita de vírus dos chineses. A Lígia, mulher do Tozé Cabeçudo, poderá estar infectada e foi, por isso, sujeita a um internamento compulsivo, como nos conta a própria, em conversa por telemóvel, mas com um paninho à frente do bocal do aparelho porque diz que até por telefone se pode apanhar o vírus:

“Ò senhor, eu estava assim a sentir muitas dores no corpo e arrepios de frio e, à cautela, fui medir a febre, mas não sabia do termómetro, o que não é de estranhar, porque o meu homem às vezes enfia-o no pacote e, depois, esquece-se de o tirar e tem alturas que anda aos 15 dias seguidos com ele lá dentro. Vai daí, olhe, fui à loja dos chineses comprar um e, quando vim de lá, estava cheia de febre. Como o senhor da loja estava numa video chamada do WhatsApp com um primo lá da terra dele que, vi eu, estava sempre a tossir, eu associei que tivesse apanhado o vírus através da Internet. Fui dali a correr ao Posto Médico e estava lá o Doutor Cara-Linda, que acho que é Zé Pedro, mas a gente chama-lhe assim. Ele mandou-me tirar a roupa e, mal me viu despida, mandou-me logo ficar 15 dias em quarentena, num quarto que ele alugou ali na Pensão”.

Entretanto, a Junta de Freguesia está já a estudar medidas que podem ser tomadas para proteger a população: “A primeira coisa que a gente pensou foi logo ir a correr chegar lume à Loja dos Chineses, porque não há dúvidas que é de lá que vem o foco de contágio. Juntamos umas pinhas e uns pauzinhos, fomos lá dentro da loja comprar umas acendalhas e ateamos o fogo, mas houve logo um desmancha-prazeres que veio dizer “ai, e tal… isto fica mesmo colado à bomba de gasolina e, ainda se arranja aí uma explosão”. E eu, pronto, lá tive de ir buscar um extintor e dar com ele nas costas do indivíduo que estava armado em esperto. Depois, olhe, como aquilo disparou sem querer e apagou o incêndio, fui-me embora, amuado”, disse o presidente da Junta, Zé Miguel.


© Paulo Jorge Dias

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Extraterrestres visitam São Firmino

Estacionaram OVNI à porta do café do Herculano e foram tomar uma Macieira. À saída arranharam a carrinha do Gusto e raptaram um moço que toca na banda, que abandonaram em Ribeira de Pena.


Extraterrestres bêbados estacionaram de qualquer maneira à porta de casa, tendo um deles ficado a dormir toda a noite no jardim

Os habitantes de São Firmino andam aterrorizados e têm medo de sair de casa à noite, depois de se saber que os extraterrestres visitaram a aldeia no passado sábado à noite.

Segundo vários depoimentos recolhidos pelo nosso jornal, um OVNI sobrevoou a aldeia, tendo destruído várias antenas parabólicas e arrancado dois estendais com roupa interior feminina. A seguir, parou na bomba de gasolina do Simões, onde os dois ETs aproveitaram para ver a pressão dos pneus e mudar uma luz de travagem que estava fundida.

Eles entraram aqui muito verdes e eu até perguntei se eram da claque do Moreirense, mas eles disseram que não, que estavam mal dispostos porque tinham passado a tarde a beber vinho doce, numa quinta, ali na zona de Vila Fria. Pediram dois quartos de águas com gás e o mais baixinho foi a correr para a casa de banho chamar ao Gregório”, contou o Simões.

Depois disso, os extraterrestres meteram-se outra vez no OVNI e rumaram à rua principal, tendo estacionado à porta do café Herculano. Os clientes não estranharam porque estavam quase todos bêbados e porque andava por lá um cliente que é emigrante no Canadá e disse que era um destes carros elétricos novos, que se usam muito por lá.

Das duas, uma: ou eram marcianos ou eram de Alfaxim, porque eu conheço um moço de lá que é assim como eles. Meio orelhudo e anda sempre com o cabelo cheio de penachos, até parecem umas antenas”, disse o Herculano, que os atendeu ao balcão e lhes serviu duas Macieiras e um Croft. 

À saída, ainda houve uma discussão porque o OVNI arranhou o para-choques da carrinha do Gusto, mas os ânimos acalmaram-se quando o ET que ia ao volante disse que o tio era dono de uma oficina de chapeiro, em Pevidém, e o Gusto podia mandar lá a carrinha que não lhe levavam nada pelo arranjo.


Mas as peripécias dos dois extraterrestres não ficaram por aqui. Na mesma noite, terão raptado um jovem músico da Sociedade Filarmónica de São Firmino. O André da Sandrinha diz que regressava dos ensaios quando viu uma luz forte e desmaiou.

O moço acordou de manhã, já muito para lá de Fafe, e ligou aos pais para o irem buscar. A família já não estranha estas coboiadas porque já não é a primeira vez que ele apanha uma moca, põe-se empoleirado na ponte da autoestrada e faz chichi para cima dos carros”, explicou a Aidinha do Pomar, tia do jovem.

Desta vez terá corrido e mal e os extraterrestres podem não ter gostado de lhes terem urinado no para-brisas. Ou isso, ou então o André desequilibrou-se, indo cair na galera de um camião, onde adormeceu e só terá saído de lá de cima quando a viatura passou na portagem de Ribeira de Pena e, com os solavancos da Via Verde, ele foi atirado para a berma da estrada.


© Paulo Jorge Dias

terça-feira, 21 de agosto de 2018

Disseram aos vizinhos que iam de férias e ficaram fechados na garagem


Uma família de São Firmino não tinha dinheiro para as férias, mas fez de conta que foi de viagem e escondeu-se na garagem de casa. Vizinhos ouviram barulhos e viram fumo do grelhador, por isso chamaram os bombeiros que entraram pela casa dentro e descobriram-nos a falsificar selfies para porem no Facebook, a fazer de conta que estavam no Brasil.




Família punha imagens bonitas na televisão e tirava fotografias a fazer de conta que estavam de férias num destino paradisíaco.

Todos os anos, por esta altura do ano, repete-se o ritual. Centenas de famílias de São Firmino deixam a nossa aldeia, rumo às praias para aproveitarem a segunda quinzena de férias no Algarve, na Póvoa do Varzim ou, para os menos abonados, num tanque ali em Alfaxim que faz o efeito de uma piscina.
Claro que alguns alargam-se nos gastos durante as Festas de São Firmino e, depois, não lhes sobra dinheiro para ir para fora. É o caso da família do Zé Vítor das Trinchudas que, apesar de ter gasto o subsídio de férias todo em bifanas e farturas, convenceu toda a gente que ia passar 15 dias ao Brasil.
Eles andaram a espalhar por aí que embarcavam no dia 15 para Fortaleza e iam lá estar até ao fim do mês num Hotel de 5 estrelas, com tudo incluído. Saíram daqui com as malas na capota do carro, até levavam a escova de dentes ao dependuro e tudo. Foi-se a ver, era tudo mentira e estavam escondidos na loja”, contou o João Gregório, vizinho da frente e afamado coscuvilheiro de São Firmino.
Ao que parece, o Zé Vítor e mulher, a Cristininha, aperceberam-se que o dinheiro não chegava para irem de férias e, por isso, armaram um esquema: durante os 15 dias em que deviam estar fora esconderam-se na garagem e ficaram muito caladinhos, que é para ninguém perceber que estavam em casa.
Para enganar o povo, começaram a falsificar selfies deles a passear no Brasil. Punham a dar na televisão imagens de praias todas bonitas e, depois, metiam-se em frente ao ecrã e tiravam fotografias a fazer de conta que lá estavam”, contou a Silvinha da Agência de Viagens Guerra. A funcionária explicou que, realmente, o Zé Vítor chegou a ter a viagem marcada, mas desistiu quando descobriu que era o slogan da empresa era “Agência de Viagens Guerra – ou pagas ou ficas em terra”.
Durante alguns dias o esquema resultou e as pessoas acreditaram mesmo que as fotografias que eles meteram no Facebook eram verdadeiras. Pensavam que a família estava nas praias do nordeste brasileiro quando, na verdade, estavam os cinco fechados na garagem, a comer salsichas e arroz de atum, todos muito caladinhos que era para ninguém os ouvir.
Até que, na sexta-feira, o vizinho João Gregório começou a ver fumo a sair da garagem: “Para ficaram morenos, o Zé Vítor ligou o grelhador e puseram-se todos em frente a ele, a apanhar calor e a tostar. Ora, a gente não sabia e, pensando que estava a arder a casa, chamamos os bombeiros. Quando eles arrombaram a porta da garagem viram a família lá toda escondida... que vergonha!”.
O caso foi muito falado em toda a aldeia de São Firmino e, para não ter de encarar os vizinhos, a família do Zé Vítor diz que foi passar uns dias numa casa de turismo rural, ali para os lados do Gerês. Mas os vizinhos desconfiam que desta vez esconderam-se todos na corte dos porcos.
© Paulo Jorge Dias


quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

São Firmino atingido por violento sismo

Parecia o fim do mundo. A terra tremeu durante meio minuto, mas foi o suficiente para deixar a nossa aldeia de pernas para o ar. Além dos estragos, houve vários feridos, sendo o mais grave deles o Zé da Mila, que estava na cama e foi esmagado pela mulher, que pesa 160 quilos. Foi preciso tirar as telhas e puxar a Mila por um guindaste. 


Ferido mais grave foi o Zé da Mila, esmagado pela mulher que, por causa do sismo, rebolou sem querer para cima dele.

O sismo teve a magnitude de 0,5 na escala de Richter, que é o equivalente a ter o vizinho de cima a arrastar os móveis, mas foi quanto bastou para semear o caos e a destruição na aldeia de São Firmino.
A terra começou a tremer cerca das 3 da manhã, uma hora em que estava tudo a dormir. Foi o caso do Castro da Drogaria, que ficou ferido gravemente quando caiu do primeiro andar, isto apesar de ele morar no segundo piso.

“Foi tudo muito de repente. Eu adormecei no sofá, a ver o resumo do CCD de Santa Eulália e, de repente, senti tudo a abanar. Quando dei por ela, já eu estava no apartamento de baixo, deitado na cama da minha vizinha Perpétua. Nem deu tempo para aproveitar porque, nisto, chega o marido dela da boîte e, como ele é caçador e já foi campeão de tiro aos pombos, só tive tempo de saltar da janela abaixo”, contou o Castro.

Alguns feridos foram assistidos no local, como foi o caso do Abílio dos Seguros, que levou uma chapada na boca porque a mulher pensou que o tremor de terra fosse ele a ressonar em voz alta. Mas houve quem tivesse de ser assistido no Hospital. Uma dessas pessoas foi a Alexandrina das Nêsperas, que veio à janela ver o que se passava e levou com um vaso que caiu da janela da vizinha de cima.

“Eu vim cá fora espreitar porque ouvi um barulho tipo 'tum, tum', mas pensei que fosse o vizinho de cima a abanar com a cama. Ele costuma fazer isso quando vem da França e chega com a folia toda, mas depois lembrei-me que a mulher dele está cá sozinha e eu achei que era para aí o picheleiro que veio tapar-lhe uma fuga no bidé, porque diz-se que a rapariga se porta mal e ela realmente vai todos os dias à padaria só com leggings e sem mais nada por baixo, deve ser para fazer reclame”, disse a Alexandrina.

O caso mais grave acabaria por ser o do Zé da Mila, que ficou esmagado e teve de ser socorrido pelos bombeiros, como contou à nossa reportagem o comandante Zeferino Ventura: “O tremor de terra abanou-lhe a cama e a mulher, que tem 160 quilos, rebolou para cima dele e o desgraçado ficou ali aflito sem se conseguir mexer. Lá soltou um dedo e conseguiu telefonar para o 112, mas foi um berbicacho jeitoso... a gente levou ali uma hora e meia para o tirar de lá, porque a mulher não acordava nem por nada. Foi preciso abrir as telhas e mandar vir uma grua das obras para levantar a senhora e tirar o marido lá de baixo”.

No meio de toda a destruição causada pelo sismo, ainda houve quem não desse por nada. “Eu tive azar porque nessa noite, como era fim de semana, ia para tomar o Viagra mas, com a pressa, enganei-me e mamei um Xanax. Dormi seguidinho até às oito, mas a minha Chica diz que acordou com um brrroc brrroc a meio da noite, só que não ligou porque julgou que era o nosso filho, João Otávio, a arrastar a mobília. Ele é drogado e já não era a primeira vez que me fugia com uma escrivaninha para pagar uma dose de farinha misturada com um benuron esmagado”, disse o Ilídio das Cabaças.

Há, no entanto, suspeitas de que não houve sismo nenhum e foi tudo um arranjo de vida, para dar a banhada à companhia de seguros. Aliás, já não seria a primeira vez que os habitantes de São Firmino inventavam uma catástrofe. Em 1983 metade da aldeia foi destruída por uma avalanche de caldo verde, mas na altura conseguiram convencer toda a gente que foi o vulcão Ofélia que entrou em erupção.

Na verdade, o que se passou foi que um grupo de amigos se juntou no cimo do monte para tentar bater o recorde do Guiness para a maior panela de caldo verde. Levaram uma cisterna de 20 mil litros que tombou e derramou a sopa pela encosta abaixo. Além do dinheiro do seguro, ainda receberam subsídios do estado e equipas de resgate que vieram ao engano e acabaram a trabalhar de graça nas vindimas.

© Paulo Jorge Dias

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Zombies espalham o terror em São Firmino

Foi uma madrugada de medo e histeria. Correu a notícia que dois mortos-vivos tinham saído do cemitério e o povo, em pânico, desatou a fugir. Mais tarde descobriu-se que, afinal, os zombies eram só o Rubem e o Fábio que tiveram um acidente de motorizada, foram projetados para dentro de uma campa e saíram de lá todos esfarrapados, desdentados e cheios de lama.

A Famell do Rubem ficou neste triste estado, depois do acidente. Vinham ao despique com uma bruxa e, como a vassoura dela era mais rápida, acionaram o nitro e despistaram-se. 


A freguesia de São Firmino acordou em polvorosa. Havia povo aos gritos, a fugir pela rua fora e a dizer que vinham aí os zombies. O alerta foi dado pelo coveiro que desatou aos berros a dizer “Aque de Rei, que os mortos-vivos vêm aí para nos comer a mioleira!”.

Gerou-se o caos junto à Igreja, onde muita gente esperava pelo início da missa das 7h00. Houve ataques de pânico, houve quedas de senhoras que não conseguiam correr por causa dos sapatinhos de domingo e houve ainda guarda-chuvadas em dois escuteiros que aproveitaram a confusão para apalpar os peitos às catequistas.

Mas houve quem não acreditasse na história, como é o caso do Veloso dos Cortinados: “Eu tinha ido tomar café e meio bagaço ao Snack-Bar Herculano quando me disseram 'Ò Veloso, tu põe-te à tabela, que andam aí dois zómbes à solta e já os viram a jogar futebol com a cabeça de um drógado'. E eu, por um acaso, estranhei porque a minha Camila passa as noites a ver aquele filme de zómbes que dá na parabólica e, que eu me lembre, nunca lá vi nenhum zómbe a jogar futebol. Se ainda fosse andebol, ainda vá que não vá, porque a pessoa pode agarrar nos cabelos e atirar a cabeça para a baliza. Agora futebol? Nãh...”.

E o Veloso tinha razões para desconfiar. É que, afinal, não se tratavam de zombies mas antes do Rubem e do Fábio, dois jovens sãofirminenses que são adeptos da velocidade e atividades radicais. Segundo nos contou uma testemunha, ambos estiveram a noite toda a mamar Gin Tónico na discoteca Eskadote e, quando voltavam para casa, ter-se-ão picado com uma bruxa que vinha numa vassoura topo de gama. Como não queriam que uma mulher lhes ganhasse, acionaram a botija de nitro que traziam na Famel e, ao fazer a curva do cemitério, despistaram-se.

Mas o Rubem tem uma versão muito diferente: “O que se passou foi que a gente foi para a náite, encontrámos lá a Sandrina do Almude e Meio e a moça cismou que havia de namorar com o Fábio. Ele chateou-se e disse-lhe 'Não falo mais par ti', mas ela ateimou e a gente teve que fugir. Só que ela veio atrás de nós com a Toyota Hiace do pai dela e, ao passar ao cemitério, bateu-me com o para-choques na roda de trás e a motorizada fugiu-me, estampei-me contra o muro e nós os dois fomos pelo ar e caímos dentro de uma campa aberta”.

Lá dentro, os dois jovens ficaram cobertos de lama, esfarrapados e, pior do que isso, com os dentes partidos porque bateram com a cara numa enxada que o coveiro deixou esquecida lá dentro. Quando conseguiram sair da cova, naquele triste estado, terão sido confundidos com zombies.

“A gente estávamos aflitos e pedimos socorro ao Sérgio Coveiro mas ele desatou a fugir e empurrou a mulher dele para cima de nós. Até disse 'Comei a minha Aurora que é cabeçuda e, por isso, tem mais miolos para esbichar'!”, contou o Fábio. Rapidamente a notícia correu pela aldeia, os sinos tocaram a rebate e, passado o pânico inicial, o povo juntou-se para enfrentar os alegados zombies.

“O meu Marco Adalberto foi à Internet ver como é que se matavam os zómbes e descobriu que era preciso cortar-lhes a cabeça. Vai daí, mandei-o ir a casa buscar a catana que o meu sogro trouxe da Guiné, agarrei nela, fiz mira e... zás. Mandei-lhe uma catanada! Só que o moço agaixou-se e só lhe cortei um carrapito de cabelo que ele tinha em cima”, explicou o Álvaro dos Contrapilas.

Por sorte, nessa altura começou a chover e foi aí que saiu a lama e o sarro dos zombies e percebeu-se que eram o Rubem e o Fábio, que ainda assim não se livraram de um tareão, por terem assustado o povo e entortado a enxada do coveiro com os queixos.

© Paulo Jorge Dias

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Incêndio destrói por completo a sex-shop de São Firmino

Era um dos ex-libris da nossa aldeia, mas ficou reduzido a cinzas. Um brinquedo erótico deixado a trabalhar durante várias horas entrou em sobreaquecimento e pegou fogo, destruindo por completo uma loja que atraía visitantes de todo o Vale de Vizela. Os 12 funcionários temem agora ficar no desemprego.

No combate às chamas, uma boneca insuflável rebentou e queimou os bigodes
ao bombeiro Zé Manel Fogareiro.


O incêndio foi combatido por 50 homens do corpo de Bombeiros de São Firmino, apoiados por um auto-tanque, uma auto-escada, o mata-velhos do comandante, dois carros de bois e uma roulote de cachorros, para dar de comer ao pessoal que se juntou para ver o fogo e dar o orçamento dos estragos.

Não se sabe ao certo o que terá estado na origem do incêndio, mas suspeita-se que um dos brinquedos sexuais vendidos na loja tenha entrado em sobreaquecimento, depois de ter sido deixado a trabalhar toda a noite, para fazer a rodagem.

“Ora bem, o fogo começou na oficina, que é onde a gente faz a reparação do material que o cliente vem devolver. E, por um acaso, ontem à noite a gente esteve aí a trabalhar num vibrador novo, em forma de salpicão, que vinha com potência a mais. Diz a dona que até abria rachadelas na parede e tudo”, disse Eugénio Piripiri, proprietário do estabelecimento.

A sex-shop Mouro & Grelo era um dos principais polos de atração da nossa freguesia, pois vinha gente de todo o Vale de Vizela para comprar os vários artigos eróticos que não se encontravam em mais lado nenhum. Os outros comerciantes temem que o fecho da loja lhes prejudique o negócio, como é o caso da Zirinha dos Diospiros, que tem uma frutaria mesmo em frente: “Sabe, a gente sempre ganhava algum. Muitas vezes o povo saía de lá da sex-shop desconsolado, porque já não havia o artigo que eles queriam e, olhe, levavam daqui uma bananita ou uma courgette para fazer o mesmo efeito”.

Em causa estão agora 12 postos de trabalho, mas o proprietário já disse que vai tentar arranjar uma solução: “Eu a bem dizer arranjo colocação para todos. O pior é o moço que a gente tinha lá a encher bonecas insufláveis. Não se arranja emprego com facilidade a uma pessoa que passa o dia a bufar... só se for para aqueles parques eólicos dar bufadelas para pôr as ventoinhas a trabalhar”.

O estabelecimento já tinha sido alvo de protestos por parte do Padre Ferreira, que acusou a sex-shop de ser um antro de pecado e chegou a ameaçar chegar lume à loja. Mas a hipótese de sabotagem está posta de parte. “À hora do incêndio, o Camilo Sacristão foi visto na zona a carregar um jerrican, mas disse que foi porque ficou sem gasóleo na motorizada e a gente acreditou porque ele não costuma mentir, tirando aquelas duas vezes em que foi apanhado a roubar vinho da missa”, explicou o comandante dos Bombeiros, Zeferino Ventura.

No combate às chamas, um bombeiro ficou ferido devido à explosão de uma boneca insuflável, que tinha sido enchida com hélio – um gás altamente inflamável – para flutuar como os balões. “Ò amigo, eu no meio daquela fumarada toda só vi um corpo de senhora todo despido e, claro, agarrei-me logo a ela a fazer respiração boca a boca. De repente, olhe, parus!!! Aquilo rebentou e eu fiquei todo queimadinho na cara e lá se foi o meu bigode, que tinha tanta estima nele”, contou o Zé Manel Fogareiro.

Transportado para o Posto Médico de São Firmino, o bombeiro foi assistido pela Dra. Zéza dos Brufénes, que procedeu a uma intervenção delicada, que durou várias horas e contou com a ajuda da Goretti Cabeleireira. “Ora bem, a gente para substituir o bigode, que ficou completamente queimado, foi necessário proceder a um implante de cabelos que fomos tirar ao sovaco do paciente”, explicou a diretora do Posto Médico.

O combate às chamas acabou por demorar mais tempo do que estava previsto, uma vez que o fogo alastrou à horta do vizinho Toni Chanaça, onde cultivava umas ervas que, segundo ele, “são para fazer um chá muito bom para a vesícula”. A nuvem de fumo daí resultante provocou um ataque de riso nos bombeiros, que passaram meia hora deitados no chão a contar as estrelas e depois voltaram para apagar o incêndio em tronco nu e ao som da música dos Xutos e Pontapés.

© Paulo Jorge Dias

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Ano letivo começa com obras na escola

Escola de São Firmino vai ser inaugurada na véspera das eleições mas, até lá, os alunos têm aulas no meio das betoneiras. No primeiro dia, a professora levou com um tijolo na cabeça e teve de ser um trolha a ensinar os alunos.

Afonso Gonçalo, do 1.º ano, foi o vencedor do concurso de desenho sobre o regresso às aulas

É a confusão total na EB 1 de São Firmino. As obras atrasaram-se e, por causa disso, os alunos têm aulas no meio de um autêntico estaleiro.
“É um perigo! Logo no primeiro dia de escola a professora levou com um tijolo na cabeça e quem acabou de dar a aula foi o Tino Trolha. O meu Márcio chegou a casa a dizer que aprendeu a abrir garrafas de Super-Bock com os dentes. Se era para lhe ensinar coisas dessas, ao menos que fosse a abrir garrafões de vinho, que o meu marido não bebe cerveja”, disse ao nosso jornal a Mónica da tinturaria.
Mas as queixas não ficam por aqui. Alguns pais estão revoltados porque a Junta deixou de servir o lanche da manhã às crianças e, por isso, o pessoal das obras decidiu ajudar e leva-os ao café, comer Bolicaos e beber finos com Martini.
“E não é só isso. Os moços têm aulas sem condições nenhumas: em vez das mesas estão a trabalhar em cima de tábuas – ainda no outro dia ligaram uma serra, sem querer, e cortaram um caderno a meio –, se for preciso afiar um lápis têm de pedir uma rebarbadeira ao mestre de obras e, pior ainda, os trolhas estão sempre a pedir-lhes emprestados os Magalhães para falarem com as moças no Facebook”, contou o Natário das alcatifas.

Além disso, os pais queixam-se dos trabalhos de casa, principalmente os exercícios de matemática, como este que tiveram de resolver na semana passada: “A obra de reabilitação da escola foi adjudicada por 250 mil euros, mas o custo real dos trabalhos vai ser de 120 mil. Quanto dinheiro vai ser metido ao bolso pelo construtor e pelo presidente da Junta?”.
Mas o pior é mesmo a língua portuguesa. Como o pessoal das obras está sempre a cantar alto, os alunos não ouvem as professoras e, quando é para fazer ditados, passam a aula a escrever as letras das músicas do Quim Barreiros.


© Paulo Jorge Dias 

quinta-feira, 16 de junho de 2016

Procissão entrou por engano na autoestrada

Sacristão alcoolizado confundiu o caminho e meteu pelo acesso da autoestrada. Mordomo da festa diz que teve prejuízo porque foi obrigado a pagar euro e meio de portagem por cada pessoa e ainda por cima foi multado pela brigada porque a parte de trás da procissão tinha de levar velas vermelhas.


Nos últimos quilómetros o andor foi transportado num trator
porque os fiéis começaram todos a queixar-se das hérnias.

A procissão em honra de Santa Vanessa ficou, este ano, marcada por um incidente que só por milagre não teve consequências graves. Por causa das obras que decorrem na Avenida Dom Zeca da Verruga, a procissão teve de seguir um percurso alternativo, acabando por entrar na autoestrada, por engano.

A culpa, diz o padre Ferreira, é do sacristão: “Eu avisei-o! Disse «Ò Camilo, tu leva mas é o GPS porque a rua principal está em obras e como a gente vai por caminhos velhos tu perdes-te, como daquela vez que em fomos parar à buáte». Só que ele teimou que sabia o caminho e como naquele dia ele me roubou mais vinho da missa do que é costume, olhe, ficou meio ourado e não dizia coisa com coisa”.

A procissão entrou no acesso à autoestrada e, quando as pessoas deram por ela, já era tarde e não podiam voltar para trás, porque naquela zona é proibido fazer inversão de sentido de marcha. Foram obrigados a entrar pela portagem, o que implicou um prejuízo grande nas contas da festa deste ano.

“Você nem me diga nada! Euro e meio por cada pessoa, pelas minhas contas iam mais de 50, veja lá quanto é que eu tive de pagar!? E depois os fregueses queixam-se que eu só vendo frango com gogo e que o coelho sabe a gato. Eu tenho de ir arranjar dinheiro a algum lado”, explicou o Américo do Talho, que este ano é o mordomo da festa de Santa Vanessa.

Mais sorte acabou por ter o andor, que não precisou de tirar ticket, uma vez que o Padre Ferreira tinha o identificador da Via Verde no bolso e meteu-o nos pés da santinha. Mas as peripécias não ficaram por aqui. Para complicar ainda mais as coisas, durante a viagem a procissão foi intercetada pela Brigada de Trânsito, que detetou várias irregularidades. 

“Ui, eles queriam multar tudo e mais alguma coisa: era porque a gente não tinha matrícula, era por não termos seguro, nem inspeção obrigatória... Tive de perder o amor a uma nota de 20 euros e mesmo assim ainda nos passaram uma multa porque as pessoas que iam atrás deviam usar velas vermelhas e não amarelas, que era para ser uma luz igual à dos carros”, lamentou-se o Américo.

Já perto do final, registou-se um novo incidente. A Toninha do Olival distraiu-se, encostou a vela à senhora que ia à frente dela e, sem querer, pegou-lhe fogo ao cabelo. 

“Olhe, o povo tinha que vir a andar bem, porque íamos na autoestrada e aquilo é para ir ligeirinho. De repente, aparece a tabuleta a dizer 'Vizela' e a gente tivemos todos que travar porque não estávamos a contar com a saída assim tão cedo. Ora, eu como vinha com uns chinelos de dedo já muito gastos por baixo, não consegui travar, derrapei e fui bater na Bina do Outeiro”, disse a Toninha.

Ao que parece, a Bina tinha acabado de sair do cabeleireiro, onde fez uma permanente, e como trazia o cabelo cheio de laca – um material altamente inflamável – bastou encostar a vela para começar tudo a arder. Valeu a rápida intervenção do Neca Bombeiro, que não tendo mais nada à mão, agarrou no balde de água benta e deitou-o pela cabeça abaixo.

Recorde-se que a Santa Vanessa não é reconhecida oficialmente, mas tem muitos seguidores em São Firmino. Vanessa era uma doutora da Segurança Social que, alegadamente, terá curado Tino e Berto, dois irmãos que ficaram entrevados depois de uma noite de copos na Adega do Pintassilgo. O milagre aconteceu no dia em que os dois irmãos foram à Junta Médica: mal a Santa Vanessa lhes passou os papéis para a reforma, o Tino e o Berto levantaram-se da cadeira de rodas, começaram a andar e só pararam no Snack-Bar Herculano.

© Paulo Jorge Dias

quarta-feira, 30 de março de 2016

Quintino Maluco fugiu da Casa Amarela

Conhecido como “o terror dos estendais”, roubava cuecas fio dental para fazer fisgas. Estava internado em Barcelos, mas fugiu vestido de médico. A freguesia está em pânico, com medo que ele regresse.

Antes desta fuga da Casa Amarela, já tinha tentado cavar um túnel mas enganou-se e foi ter ao refeitório

São Firmino está em estado de alerta geral, depois de se saber que, na passada terça-feira, o perigoso Quintino Maluco fugiu da Casa Amarela, em Barcelos, onde estava internado há três anos.

Segundo se consta, fugiu do estabelecimento psiquiátrico disfarçado de médico. Inicialmente, o porteiro ainda o impediu de sair, mas o Quintino ofereceu-se para lhe passar uma receita de Viagra e Reumon Gel, convencendo assim o porteiro a deixá-lo ir embora.

“Quer dizer, já não é a primeira vez que tenta fugir. Há ano e meio cavou um túnel na cela dele só que, enganou-se no caminho, e foi dar ao refeitório onde passou a noite. Foi à despensa e comeu dois pudins inteiros, um rolo de mortadela com azeitona e uma bola de queijo limiano com a casca e tudo… coitado, come sem a licença de Deus”, lembrou a mãe.

Em São Firmino, a população está em pânico, com receio de que o Quintino volte à terra natal para semear o terror, como fazia nos seus tempos áureos.

“Ai eu tenho tanto medo que ninguém imagina. O meu marido está emigrado em Angola e eu, para não dormir sozinha, olhe, fui chamar um moço de Barrosas, que conheci no Parque Clube, e que faz o favor de passar a noite comigo”, disse à nossa reportagem a Sónia do Vieira Marreco, também conhecida como Sónia Badalhoca.

Recorde-se que o Quintino ficou famoso por assaltar os estendais da aldeia, de onde levava tudo o que fossem cuecas de fio dental. Com elas fabricava fisgas para ir aos melros, até ao dia em que falhou a pontaria e acertou no Bino da Tia Lela, que andava em cima de uma ramada e ficou zarolho.

Fora da freguesia, a sua façanha mais conhecida aconteceu em 2004 quando, em pleno mês de Agosto, durante as Festas da Vila, atravessou a rua principal de Vizela todo nu, em cima da motorizada do cunhado.

Foi perseguido por uma patrulha da GNR até Vilarinho, onde foi intercetado e lhe foi passada uma multa por conduzir a mota sem capacete.

Agora as autoridades reforçaram a vigilância junto à estação da CP, pois tudo aponta para que ele volte para casa pela via-férrea. Segundo o relatório médico, ultimamente o Quintinho estava convencido de que era um comboio e há quem jure a pés juntos que ele foi visto na quinta-feira, na estação da Trofa, com duas pessoas às costas e uma tabuleta na testa a dizer “Destino: Porto São Bento”.


© Paulo Jorge Dias, 2016

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Praia fluvial de São Firmino invadida por nudistas

Vem gente de todo o lado praticar nudismo na nossa praia. População já fez de tudo, até os correu à sacholada, mas eles continuam a vir. Na semana passada, um mirone caiu de uma árvore e aterrou em cima de um fogareiro.


Chegou a pensar-se que as lontras tinham voltado ao rio, mas afinal eram a Sónia Badalhoca e a Carlinha do Abreu


Com a chegada em força do calor, a praia de São Firmino encheu-se de banhistas mas, este ano, foram surpreendidos pela presença de um grupo de turistas que se passeiam nus pelo areal.

“Olhe, isto é uma pouca-vergonha. Esta gente vem para aí com tudo à mostra e a fazer inveja ao povo. No domingo, a minha mulher saiu daqui ougada e até já me pediu para me depilar todo, como fazem os rapazes do nudismo”, explicou o empresário Celso da cartonagem.

O ambiente é tenso e já levou a cenas de pancadaria entre nus e vestidos. Há dias, o Padre Ferreira, acompanhado da Rosa pequenina e de outras beatas, tentaram escorraçar os nudistas à sacholada, mas estes defenderam-se com chineladas e esguichos de protetor solar.

Acusados de atentado à moral e aos bons costumes, os nudistas dizem-se perseguidos e não percebem o porquê desta hostilidade. “A gente até anda aqui para ajudar as pessoas e tudo. Veja lá que, no outro dia, houve um senhor que se estava a afogar e se ele não se agarra aos meus peitos, tinha ido rio abaixo, coitado”, disse à nossa reportagem uma rapariga de Vila das Aves, cheia de tatuagens.

A presença de nudistas já provocou, inclusive, cenas de pânico como a que aconteceu no sábado, quando várias pessoas começaram aos gritos, a dizer que tinham visto uma cobra preta, de metro e meio, dentro da água. Afinal, era apenas um nigeriano nudista, que está a treinar à experiência no Moreirense e que aproveitou uma pausa para tomar banho no rio Vizela.

Mas o maior perigo vem dos mirones, que invadem as imediações da praia e arriscam a vida para espreitar as mulheres nuas. No fim-de-semana passado, o Tónio da Casimira subiu a um eucalipto mas desequilibrou-se e caiu de uma altura de três metros.

“Aterrou com as costas em cima de um fogareiro e ficou todo marcado, coitadinho. Gastei pr’aí meia embalagem de Fenistil. Ainda por cima, partiu os binóculos que eram do pai levar à caça aos melros e, olhe, o moço mal chegou a casa levou logo uma estiva que até cuspiu Mateus Rosé”, disse a mãe do Tónio.

A população já pediu a intervenção do presidente da Junta, mas o Zeca Pacheco está incomunicável desde que deixou cair o telemóvel ao rio, quando estava empoleirado num choupo, a espreitar duas brasileiras da boîte do Antero, que aderiram à moda do nudismo.

© Paulo Jorge Dias, 2015

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Quarta baixa no Grupo Coral em dois meses

Mais uma voz se calou no afamado Grupo Coral de São Firmino. Desta vez foi a Camila do Chico da Lavadura, que sofreu uma perfuração do tímpano, quando escutava à porta do vizinho.


Os médicos apontam para uma paragem de três a quatro semanas, o que levou já o Eugénio, diretor artístico do coro, a afirmar publicamente que se chegou ao limite: “Ainda no domingo, tive de ir buscar dois bêbados ao café e pô-los a cantar em ‘playback’ só para fazer número”.
Na verdade, os últimos tempos foram marcados por uma série de eventos inesperados, que deixaram o coro da igreja desfalcado de quatro das suas principais vozes.

Tudo começou a seguir a Natal, quando a Adélia da Costa, conhecida como a “Adele de São Firmino”, emigrou para a Suíça. Logo a seguir, a Gertrudes do Oliveira Marreco desapareceu misteriosamente, ao que se consta, porque fugiu com um homem casado, de Santo Adrião.
Há cerca de quinze dias, novo contratempo: a Flávia da Adega Pintassilgo ficou afónica, depois de dar dois berros ao filho, quando viu as notas da escola. Segundo a família, a Flávia já fez de tudo para recuperar a voz. Até já tomou Chá de Nespereira, mas não resultou porque, quando o bebeu, já ia em Infias.

Finalmente, quando todos pensavam que o pior já tinha passado, neste fim-de-semana, a Camila do Chico da Lavadura sofreu um acidente invulgar, que a incapacita para a prática do canto. Lavada em lágrimas, cunhada explicou o sucedido: “Sabe como é, ela tem aquele vício de andar sempre a escutar às portas dos vizinhos. Ora, no sábado à tarde, o Neca da Custódia, que anda farto de aturar os Jeovás, quis fazer um furo para poder ver quem é que lhe bate a porta, antes de abrir”.
E foi nessa altura que tudo aconteceu: “Ora, calhou logo a Camila estar com o ouvido encostado à porta no momento em que o Neca pôs a ‘Blék and Déca’ a trabalhar e, olha, furou tudo! A porta, o tímpano da Camila e os brincos. Ainda por cima isso! Que eu a mim não me faz diferença o tímpano da minha cunhada. O que me chateia são os brincos com uma meia libra de ouro, que até não eram dela. Sim, que eu bem me lembro da minha sogra dizer ‘Ai, quando eu morrer é metade do ouro para cada um’. Ora, na minha maneira de ver, se é metade para cada filho, era um brinco para a Camila e outro para o meu homem. Mas ele começou logo a dizer que não gostava, andou com o brinco uma vez e fazia-lhe alergia nas orelhas. Enfim, tragédias!”.

 © Paulo Jorge Dias, 2014

quarta-feira, 13 de março de 2013

Quarta baixa no Grupo Coral em três meses

Notícias da semana

Quarta baixa no Grupo Coral em três meses

Mais uma voz se calou no afamado Grupo Coral de São Firmino. Desta vez foi a Emília do Chico da Lavadura, que sofreu uma perfuração do tímpano, quando escutava à porta do vizinho.

Violência doméstica em São Firmino

Camila da Bouça Nova foi assistida no Centro de Saúde de Vizela, depois de ter esmurrado os dedos e deslocado a clavícula, ao dar um soco nos queixos do marido.

 




Em exclusivo no RV Jornal.