Uma família de São Firmino não tinha dinheiro para as férias, mas fez de conta que foi de viagem e escondeu-se na garagem de casa. Vizinhos ouviram barulhos e viram fumo do grelhador, por isso chamaram os bombeiros que entraram pela casa dentro e descobriram-nos a falsificar selfies para porem no Facebook, a fazer de conta que estavam no Brasil.
Família punha imagens bonitas na televisão e tirava fotografias a fazer de conta
que estavam de férias num destino paradisíaco.
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Todos
os anos, por esta altura do ano, repete-se o ritual. Centenas de
famílias de São Firmino deixam a nossa aldeia, rumo às praias para
aproveitarem a segunda quinzena de férias no Algarve, na Póvoa do Varzim ou, para os menos abonados, num tanque ali em Alfaxim que faz o
efeito de uma piscina.
Claro
que alguns alargam-se nos gastos durante as Festas de São Firmino e,
depois, não lhes sobra dinheiro para ir para fora. É o caso da
família do Zé Vítor das Trinchudas que, apesar de ter gasto o
subsídio de férias todo em bifanas e farturas, convenceu toda a
gente que ia passar 15 dias ao Brasil.
“Eles
andaram a espalhar por aí que embarcavam no dia 15 para Fortaleza e
iam lá estar até ao fim do mês num Hotel de 5 estrelas, com tudo
incluído. Saíram daqui com as malas na capota do carro, até
levavam a escova de dentes ao dependuro e tudo. Foi-se a ver, era
tudo mentira e estavam escondidos na loja”, contou o João
Gregório, vizinho da frente e afamado coscuvilheiro de São Firmino.
Ao
que parece, o Zé Vítor e mulher, a Cristininha, aperceberam-se que
o dinheiro não chegava para irem de férias e, por isso, armaram um
esquema: durante os 15 dias em que deviam estar fora esconderam-se na
garagem e ficaram muito caladinhos, que é para ninguém perceber que
estavam em casa.
“Para
enganar o povo, começaram a falsificar selfies deles a passear no
Brasil. Punham a dar na televisão imagens de praias todas bonitas e,
depois, metiam-se em frente ao ecrã e tiravam fotografias a fazer de
conta que lá estavam”, contou a Silvinha da Agência de Viagens
Guerra. A funcionária explicou que, realmente, o Zé Vítor chegou a
ter a viagem marcada, mas desistiu quando descobriu que era o slogan
da empresa era “Agência de Viagens Guerra – ou pagas ou ficas em
terra”.
Durante
alguns dias o esquema resultou e as pessoas acreditaram mesmo que as
fotografias que eles meteram no Facebook eram verdadeiras. Pensavam
que a família estava nas praias do nordeste brasileiro quando, na
verdade, estavam os cinco fechados na garagem, a comer salsichas e
arroz de atum, todos muito caladinhos que era para ninguém os ouvir.
Até
que, na sexta-feira, o vizinho João Gregório começou a ver fumo a
sair da garagem: “Para ficaram morenos, o Zé Vítor ligou o
grelhador e puseram-se todos em frente a ele, a apanhar calor e a
tostar. Ora, a gente não sabia e, pensando que estava a arder a
casa, chamamos os bombeiros. Quando eles arrombaram a porta da
garagem viram a família lá toda escondida... que vergonha!”.
O
caso foi muito falado em toda a aldeia de São Firmino e, para não
ter de encarar os vizinhos, a família do Zé Vítor diz que foi
passar uns dias numa casa de turismo rural, ali para os lados do
Gerês. Mas os vizinhos desconfiam que desta vez esconderam-se todos
na corte dos porcos.
© Paulo Jorge Dias
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