Afonso
Gonçalo, do 1.º ano, foi o vencedor do concurso de desenho sobre o
regresso às aulas
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É a confusão total na EB 1 de São Firmino. As obras atrasaram-se e, por causa disso, os alunos têm aulas no meio de um autêntico estaleiro.
“É um perigo! Logo no primeiro dia de escola a professora levou com um tijolo na cabeça e quem acabou de dar a aula foi o Tino Trolha. O meu Márcio chegou a casa a dizer que aprendeu a abrir garrafas de Super-Bock com os dentes. Se era para lhe ensinar coisas dessas, ao menos que fosse a abrir garrafões de vinho, que o meu marido não bebe cerveja”, disse ao nosso jornal a Mónica da tinturaria.
Mas as queixas não ficam por aqui. Alguns pais estão revoltados porque a Junta deixou de servir o lanche da manhã às crianças e, por isso, o pessoal das obras decidiu ajudar e leva-os ao café, comer Bolicaos e beber finos com Martini.
“E não é só isso. Os moços têm aulas sem condições nenhumas: em vez das mesas estão a trabalhar em cima de tábuas – ainda no outro dia ligaram uma serra, sem querer, e cortaram um caderno a meio –, se for preciso afiar um lápis têm de pedir uma rebarbadeira ao mestre de obras e, pior ainda, os trolhas estão sempre a pedir-lhes emprestados os Magalhães para falarem com as moças no Facebook”, contou o Natário das alcatifas.
Além disso, os pais queixam-se dos trabalhos de casa, principalmente os exercícios de matemática, como este que tiveram de resolver na semana passada: “A obra de reabilitação da escola foi adjudicada por 250 mil euros, mas o custo real dos trabalhos vai ser de 120 mil. Quanto dinheiro vai ser metido ao bolso pelo construtor e pelo presidente da Junta?”.
Mas o pior é mesmo a língua portuguesa. Como o pessoal das obras está sempre a cantar alto, os alunos não ouvem as professoras e, quando é para fazer ditados, passam a aula a escrever as letras das músicas do Quim Barreiros.
© Paulo Jorge Dias
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