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terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

São Firmino já tem motorizadas a levar bolo com sardinhas a casa das pessoas

A nossa freguesia é pioneira no Uber Tasco, um novo serviço que aceita encomendas de comida de tasco e depois vai entregá-la de mota, a casa do cliente. A pessoa só precisa de instalar a app no telemóvel e depois mandar vir pica no chão, picadinho ou bolo com sardinha.


As motorizadas não param, sempre de um lado para o outro, a entregar punhetas de bacalhau, moelas ou pica-no-chão acabados de cozinhar nos tascos da aldeia.

Quem vai muito às grandes cidades já deve ter visto umas motinhas a dizer Uber Eats ou Glovo, que andam a entregar hambúrgueres e pizzas a casa das pessoas. Mas, em São Firmino, essa comida de plástico não serve nem para dar de comer aos porcos, porque o pessoal cá da terra é mais dado a salpicões, mouros e presuntos.

"Olhe, eu no outro dia estava em casa, a descascar um diospiro quando, de repente, deu-se-me cá uns desejos de bolo com sardinha que eu até parecia que estava grávida. Só que eu, como tenho o meu home emigrado no Luxamburgo, olhe, dá-me vergonha de ir ali pr’ó tasco no meio dos outros homes. Fui ver à Internet e descobri que podia mandar vir o que eu quisesse. Foi só clicar no botãozinho e, nem meia hora depois, já cá estava o moço da motorizada. Fiquei consolada… com o bolo, não com o moço, que esse eu mandei-o dar uma volta, que eu cá sou uma rapariga séria, tirando aquela vez com o meu encarregado lá da tinturaria, mas foi por causa dos fumos, que deixam uma pessoa ourada”, disse a Belinha Pintassilga, uma das primeiras clientes deste serviço.

Mas não é a única, uma vez que o Uber Tasco está a ser um verdadeiro sucesso. Todas as noites, de sexta-feira a domingo, é um corridinho de motas de um lado para o outro, sempre a entregar os petiscos que até aqui só podiam ser comidos no tasco, mas agora podem ser saboreados no conforto do lar. Às vezes, as motorizadas até se esbarram umas nas outras, com a pressa de irem entregar a comida aos clientes.

“Inda no outro dia, vinha o Tónio numa Famel para entregar um pica-no-chão a um cliente de Revinhade, mas com o fumo que saía da panela quentinha ele não deve ter visto que vinha a sair de um cruzamento o João Geová, depois de ter ido entregar uma punheta de bacalhau ao Monte da Santa. Enfiaram-se um contra o outro com tanta força, que aquilo era arroz e frango espalhados por todo o lado… foi preciso pedir reforços aos bombeiros da Lixa e Freamunde, para virem ajudar a comer os destroços”, disse o Gomes Carteiro, que assistiu ao acidente e ajudou nas operações de remoção de pica-no-chão, comendo só ele quilo e meio que estava derramado no asfalto.

O Uber Tasco foi fundado por Zélio Balazar, um empreendedor sãofirminense que teve esta ideia de negócio numa altura em que ficou 15 dias entrevado, por motivo de ter fumado droga misturada com folhas de nespereira: “Ò senhor, não queira saber da minha aflição! Eu na cama desesperadinho por uma cebola com sal ou umas moelinhas e sem ter quem me valesse. Foi ali, deitado, que eu jurei para mim que mais ninguém havia de passar aquele sacrifício. Mal fiquei bom, agarrei na minha Zundapp e quitei-a toda para poder levar comer quentinho a quem precisasse”.

Mas o jovem empresário promete não ficar por aqui e já tem novos projetos em marcha. Para matar a sede às pessoas que dependem de um bom espadal ou tinto americano e não conseguem ir bebê-lo à tasca, dentro em breve vão circular pela nossa aldeia camiões cisterna com vinho, para irem à casa das pessoas abastecer-lhes os garrafões, pipas ou cubas.

© Paulo Jorge Dias


quinta-feira, 16 de abril de 2020

São Firmino usa gelatina de bagaço para substituir álcool em gel

Desinfetante de mãos está a ser vendido a preços exorbitantes, o que leva os sãofirminenses a improvisar. Como o bagaço produzido na nossa região é 10 vezes mais forte do que o álcool etílico, o pessoal aqui da aldeia lembrou-se de fazer gelatina de bagaço e usá-la para desinfetar as mãos.


O desinfetante made-in São Firmino está a ser comercializado como Bagaço-Gel
e diz que mata o corona 10 vezes mais depressa.

Já se sabe que a melhor maneira de nos protegermos do Covid-19 é estar sempre a lavar as mãos e a desinfetá-las com álcool, de preferência com álcool em gel. Mas, desde que começou esta crise do Coronavírus que os preços dispararam de tal maneira que, nalgumas lojas, sai mais barato passar as mãos por whisky de 20 anos do que comprar o desinfetante.

"Eu cá sempre lavei as mãos com sabão rosa e, quando muito, limpava de longe a longe o esterco das unhas com lixívia negra, mas só quando tinha de ir a uma comunhão ou batizado. Agora, diz que a pessoa tem de desinfetar as mãos com álcool, mas eu para mim é um desperdício, porque álcool só se for para desinfetar um home por dentro, que é o que eu faço todos os dias de manhã, quando tomo uma cevada com um balão de bagaço", contou o Tino Tone, vendedor de canhotas que, à semelhança de toda a gente aqui da aldeia, passou a desinfetar as mãos com álcool, que é como deve ser.

Com as embalagens de 500 ml a atingirem preços na casa dos 30 e 40 euros, o povo de São Firmino não se conformou e decidiu inventar uma alternativa, que não pusesse em risco a saúde das suas carteiras nem a vida das pessoas. Vai daí, apareceu o Professor Vidrinhos, cientista amador da nossa terra, que passou uma semana a fazer testes ao bagaço sãofirminense ‒ e mais outra semana a recuperar da ressaca ‒ e chegou à incrível conclusão de que esta bebida é 10 vezes mais eficaz para matar o novo coronavírus do que o álcool dos desinfetantes.

“Ora bem, a gente já andava há uns meses a fazer experiências com uma gelatina de bagaço, que era para ver se convencíamos o pessoal mais jovem a tomar o gosto à pinga, porque a moçarada não é muito amiga de beber e, comendo o bagaço, se calhar marchava melhor. Vai daí, o Vidrinhos enfardou quilo e meio e, em antes de desmaiar, mandou-me engarrafar a gelatina e vendê-la como bagaço-gel desinfetante”, explicou o engenheiro Ampolas Antunes, assistente do Vidrinhos, que foi obrigado a tomar da investigação, depois do Professor ter entrado em coma alcoólico.

O produto está a ser um sucesso e garante elevado nível de proteção contra o vírus. Depois de aplicarem nos dedos, mesmo que as pessoas não resistam ao cheirinho a bagaço e lambam as mãos, a bebida é tão potente que não há Covide-19 que lhe resista. Entretanto, o Estado de Emergência está a ser respeitado por toda a gente em São Firmino, pelo menos durante o horário de trabalho. Porque, depois das 5 e meia, há sempre quem peça para ir fazer quarentena fora de casa, alguns até nos sítios mais improváveis, como explica o Sargento Óscar Bravo, comandante do nosso posto da Guarda.

“Pois, a nossa patrulha já se deparou com várias situações insólitas, nomeadamente um grupo de homens que quis fechar-se na boîte do Antero para fazer lá a quarentena, para além do caso de um pai de família que disse que ia só ali passear o cão e voltou três dias depois, sem roupa, nem dinheiro, nem o cão, mas cheio de chupões no pescoço e com as costas todas arranhadas”.


© Paulo Jorge Dias

segunda-feira, 2 de março de 2020

Vírus dos chineses já chegou a são Firmino

O Vítor China entrou no café a tossir e aos espirros. Levou dois cachaços para lhe passar o catarro, mas como não melhorou ficou internado no sótão do Posto Médico. Já a Lígia Cabeçuda foi à Loja dos Chineses e voltou com febre, por isso está de quarentena no quarto da pensão onde dorme um médico de Quarteira que está aqui a fazer o estágio. 


À falta de máscaras, o povo inventa de tudo um pouco, até há quem rasgue os garrafões de plástico e os meta a tapar a cara, que é para o vírus não entrar.


A aldeia de São Firmino está em estado de alerta, depois de terem surgido os dois primeiros casos da doença que está a assustar o mundo e que é conhecida entre nós como Vírus dos Chineses. Vitor China e Lígia Cabeçuda apresentaram sintomas do coronavírus e estão já internados para não contagiar mais ninguém.

"A gente estava aqui tudo na boa, a mamar finos e a ver futebol, quando aparece o Vítor com o nariz a pingar… era atchim para aqui, atchim para ali. De repente, dá semelhante espirro que nos encheu o ecrã do plasma com perdigotos e aí, o pessoal não teve perdão. Enfiei-lhe duas bem dadas no cachaço e, de castigo, ele ficou nos cuidados intensivos, que é como quem diz: fechado no sótão do Centro de Saúde, com uma garrafa de bagaço ligada às veias", explicou o enfermeiro Quim Carlos, que estava de folga mas ainda assim prestou os primeiros cuidados de saúde ao Vítor.

Apesar das pessoas de fora acharem que ele tem origem asiática, a verdade é que o Vítor China é assim chamado por ter a cara muito redonda e os olhos achinesados. Os médicos também suspeitaram que ele tivesse viajado para a Ásia, mas o povo riu-se quando ouviu isto. Não só o Vítor nunca foi à China, como não foi a mais lado nenhum. Aliás, há fortes suspeitas de que ele nunca tenha saído daqui da zona, sendo que o sítio mais longe onde o viram foi num café em Infias e só porque lhe disseram que ali as raspadinhas davam sempre prémio.

Os sãofirminenses ainda não estavam refeitos deste primeiro susto e logo foram surpreendidos por uma nova suspeita de vírus dos chineses. A Lígia, mulher do Tozé Cabeçudo, poderá estar infectada e foi, por isso, sujeita a um internamento compulsivo, como nos conta a própria, em conversa por telemóvel, mas com um paninho à frente do bocal do aparelho porque diz que até por telefone se pode apanhar o vírus:

“Ò senhor, eu estava assim a sentir muitas dores no corpo e arrepios de frio e, à cautela, fui medir a febre, mas não sabia do termómetro, o que não é de estranhar, porque o meu homem às vezes enfia-o no pacote e, depois, esquece-se de o tirar e tem alturas que anda aos 15 dias seguidos com ele lá dentro. Vai daí, olhe, fui à loja dos chineses comprar um e, quando vim de lá, estava cheia de febre. Como o senhor da loja estava numa video chamada do WhatsApp com um primo lá da terra dele que, vi eu, estava sempre a tossir, eu associei que tivesse apanhado o vírus através da Internet. Fui dali a correr ao Posto Médico e estava lá o Doutor Cara-Linda, que acho que é Zé Pedro, mas a gente chama-lhe assim. Ele mandou-me tirar a roupa e, mal me viu despida, mandou-me logo ficar 15 dias em quarentena, num quarto que ele alugou ali na Pensão”.

Entretanto, a Junta de Freguesia está já a estudar medidas que podem ser tomadas para proteger a população: “A primeira coisa que a gente pensou foi logo ir a correr chegar lume à Loja dos Chineses, porque não há dúvidas que é de lá que vem o foco de contágio. Juntamos umas pinhas e uns pauzinhos, fomos lá dentro da loja comprar umas acendalhas e ateamos o fogo, mas houve logo um desmancha-prazeres que veio dizer “ai, e tal… isto fica mesmo colado à bomba de gasolina e, ainda se arranja aí uma explosão”. E eu, pronto, lá tive de ir buscar um extintor e dar com ele nas costas do indivíduo que estava armado em esperto. Depois, olhe, como aquilo disparou sem querer e apagou o incêndio, fui-me embora, amuado”, disse o presidente da Junta, Zé Miguel.


© Paulo Jorge Dias

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

Extraterrestres visitam São Firmino

Estacionaram OVNI à porta do café do Herculano e foram tomar uma Macieira. À saída arranharam a carrinha do Gusto e raptaram um moço que toca na banda, que abandonaram em Ribeira de Pena.


Extraterrestres bêbados estacionaram de qualquer maneira à porta de casa, tendo um deles ficado a dormir toda a noite no jardim

Os habitantes de São Firmino andam aterrorizados e têm medo de sair de casa à noite, depois de se saber que os extraterrestres visitaram a aldeia no passado sábado à noite.

Segundo vários depoimentos recolhidos pelo nosso jornal, um OVNI sobrevoou a aldeia, tendo destruído várias antenas parabólicas e arrancado dois estendais com roupa interior feminina. A seguir, parou na bomba de gasolina do Simões, onde os dois ETs aproveitaram para ver a pressão dos pneus e mudar uma luz de travagem que estava fundida.

Eles entraram aqui muito verdes e eu até perguntei se eram da claque do Moreirense, mas eles disseram que não, que estavam mal dispostos porque tinham passado a tarde a beber vinho doce, numa quinta, ali na zona de Vila Fria. Pediram dois quartos de águas com gás e o mais baixinho foi a correr para a casa de banho chamar ao Gregório”, contou o Simões.

Depois disso, os extraterrestres meteram-se outra vez no OVNI e rumaram à rua principal, tendo estacionado à porta do café Herculano. Os clientes não estranharam porque estavam quase todos bêbados e porque andava por lá um cliente que é emigrante no Canadá e disse que era um destes carros elétricos novos, que se usam muito por lá.

Das duas, uma: ou eram marcianos ou eram de Alfaxim, porque eu conheço um moço de lá que é assim como eles. Meio orelhudo e anda sempre com o cabelo cheio de penachos, até parecem umas antenas”, disse o Herculano, que os atendeu ao balcão e lhes serviu duas Macieiras e um Croft. 

À saída, ainda houve uma discussão porque o OVNI arranhou o para-choques da carrinha do Gusto, mas os ânimos acalmaram-se quando o ET que ia ao volante disse que o tio era dono de uma oficina de chapeiro, em Pevidém, e o Gusto podia mandar lá a carrinha que não lhe levavam nada pelo arranjo.


Mas as peripécias dos dois extraterrestres não ficaram por aqui. Na mesma noite, terão raptado um jovem músico da Sociedade Filarmónica de São Firmino. O André da Sandrinha diz que regressava dos ensaios quando viu uma luz forte e desmaiou.

O moço acordou de manhã, já muito para lá de Fafe, e ligou aos pais para o irem buscar. A família já não estranha estas coboiadas porque já não é a primeira vez que ele apanha uma moca, põe-se empoleirado na ponte da autoestrada e faz chichi para cima dos carros”, explicou a Aidinha do Pomar, tia do jovem.

Desta vez terá corrido e mal e os extraterrestres podem não ter gostado de lhes terem urinado no para-brisas. Ou isso, ou então o André desequilibrou-se, indo cair na galera de um camião, onde adormeceu e só terá saído de lá de cima quando a viatura passou na portagem de Ribeira de Pena e, com os solavancos da Via Verde, ele foi atirado para a berma da estrada.


© Paulo Jorge Dias

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

São Firmino atingido por violento sismo

Parecia o fim do mundo. A terra tremeu durante meio minuto, mas foi o suficiente para deixar a nossa aldeia de pernas para o ar. Além dos estragos, houve vários feridos, sendo o mais grave deles o Zé da Mila, que estava na cama e foi esmagado pela mulher, que pesa 160 quilos. Foi preciso tirar as telhas e puxar a Mila por um guindaste. 


Ferido mais grave foi o Zé da Mila, esmagado pela mulher que, por causa do sismo, rebolou sem querer para cima dele.

O sismo teve a magnitude de 0,5 na escala de Richter, que é o equivalente a ter o vizinho de cima a arrastar os móveis, mas foi quanto bastou para semear o caos e a destruição na aldeia de São Firmino.
A terra começou a tremer cerca das 3 da manhã, uma hora em que estava tudo a dormir. Foi o caso do Castro da Drogaria, que ficou ferido gravemente quando caiu do primeiro andar, isto apesar de ele morar no segundo piso.

“Foi tudo muito de repente. Eu adormecei no sofá, a ver o resumo do CCD de Santa Eulália e, de repente, senti tudo a abanar. Quando dei por ela, já eu estava no apartamento de baixo, deitado na cama da minha vizinha Perpétua. Nem deu tempo para aproveitar porque, nisto, chega o marido dela da boîte e, como ele é caçador e já foi campeão de tiro aos pombos, só tive tempo de saltar da janela abaixo”, contou o Castro.

Alguns feridos foram assistidos no local, como foi o caso do Abílio dos Seguros, que levou uma chapada na boca porque a mulher pensou que o tremor de terra fosse ele a ressonar em voz alta. Mas houve quem tivesse de ser assistido no Hospital. Uma dessas pessoas foi a Alexandrina das Nêsperas, que veio à janela ver o que se passava e levou com um vaso que caiu da janela da vizinha de cima.

“Eu vim cá fora espreitar porque ouvi um barulho tipo 'tum, tum', mas pensei que fosse o vizinho de cima a abanar com a cama. Ele costuma fazer isso quando vem da França e chega com a folia toda, mas depois lembrei-me que a mulher dele está cá sozinha e eu achei que era para aí o picheleiro que veio tapar-lhe uma fuga no bidé, porque diz-se que a rapariga se porta mal e ela realmente vai todos os dias à padaria só com leggings e sem mais nada por baixo, deve ser para fazer reclame”, disse a Alexandrina.

O caso mais grave acabaria por ser o do Zé da Mila, que ficou esmagado e teve de ser socorrido pelos bombeiros, como contou à nossa reportagem o comandante Zeferino Ventura: “O tremor de terra abanou-lhe a cama e a mulher, que tem 160 quilos, rebolou para cima dele e o desgraçado ficou ali aflito sem se conseguir mexer. Lá soltou um dedo e conseguiu telefonar para o 112, mas foi um berbicacho jeitoso... a gente levou ali uma hora e meia para o tirar de lá, porque a mulher não acordava nem por nada. Foi preciso abrir as telhas e mandar vir uma grua das obras para levantar a senhora e tirar o marido lá de baixo”.

No meio de toda a destruição causada pelo sismo, ainda houve quem não desse por nada. “Eu tive azar porque nessa noite, como era fim de semana, ia para tomar o Viagra mas, com a pressa, enganei-me e mamei um Xanax. Dormi seguidinho até às oito, mas a minha Chica diz que acordou com um brrroc brrroc a meio da noite, só que não ligou porque julgou que era o nosso filho, João Otávio, a arrastar a mobília. Ele é drogado e já não era a primeira vez que me fugia com uma escrivaninha para pagar uma dose de farinha misturada com um benuron esmagado”, disse o Ilídio das Cabaças.

Há, no entanto, suspeitas de que não houve sismo nenhum e foi tudo um arranjo de vida, para dar a banhada à companhia de seguros. Aliás, já não seria a primeira vez que os habitantes de São Firmino inventavam uma catástrofe. Em 1983 metade da aldeia foi destruída por uma avalanche de caldo verde, mas na altura conseguiram convencer toda a gente que foi o vulcão Ofélia que entrou em erupção.

Na verdade, o que se passou foi que um grupo de amigos se juntou no cimo do monte para tentar bater o recorde do Guiness para a maior panela de caldo verde. Levaram uma cisterna de 20 mil litros que tombou e derramou a sopa pela encosta abaixo. Além do dinheiro do seguro, ainda receberam subsídios do estado e equipas de resgate que vieram ao engano e acabaram a trabalhar de graça nas vindimas.

© Paulo Jorge Dias

terça-feira, 24 de outubro de 2017

Incêndio destrói por completo a sex-shop de São Firmino

Era um dos ex-libris da nossa aldeia, mas ficou reduzido a cinzas. Um brinquedo erótico deixado a trabalhar durante várias horas entrou em sobreaquecimento e pegou fogo, destruindo por completo uma loja que atraía visitantes de todo o Vale de Vizela. Os 12 funcionários temem agora ficar no desemprego.

No combate às chamas, uma boneca insuflável rebentou e queimou os bigodes
ao bombeiro Zé Manel Fogareiro.


O incêndio foi combatido por 50 homens do corpo de Bombeiros de São Firmino, apoiados por um auto-tanque, uma auto-escada, o mata-velhos do comandante, dois carros de bois e uma roulote de cachorros, para dar de comer ao pessoal que se juntou para ver o fogo e dar o orçamento dos estragos.

Não se sabe ao certo o que terá estado na origem do incêndio, mas suspeita-se que um dos brinquedos sexuais vendidos na loja tenha entrado em sobreaquecimento, depois de ter sido deixado a trabalhar toda a noite, para fazer a rodagem.

“Ora bem, o fogo começou na oficina, que é onde a gente faz a reparação do material que o cliente vem devolver. E, por um acaso, ontem à noite a gente esteve aí a trabalhar num vibrador novo, em forma de salpicão, que vinha com potência a mais. Diz a dona que até abria rachadelas na parede e tudo”, disse Eugénio Piripiri, proprietário do estabelecimento.

A sex-shop Mouro & Grelo era um dos principais polos de atração da nossa freguesia, pois vinha gente de todo o Vale de Vizela para comprar os vários artigos eróticos que não se encontravam em mais lado nenhum. Os outros comerciantes temem que o fecho da loja lhes prejudique o negócio, como é o caso da Zirinha dos Diospiros, que tem uma frutaria mesmo em frente: “Sabe, a gente sempre ganhava algum. Muitas vezes o povo saía de lá da sex-shop desconsolado, porque já não havia o artigo que eles queriam e, olhe, levavam daqui uma bananita ou uma courgette para fazer o mesmo efeito”.

Em causa estão agora 12 postos de trabalho, mas o proprietário já disse que vai tentar arranjar uma solução: “Eu a bem dizer arranjo colocação para todos. O pior é o moço que a gente tinha lá a encher bonecas insufláveis. Não se arranja emprego com facilidade a uma pessoa que passa o dia a bufar... só se for para aqueles parques eólicos dar bufadelas para pôr as ventoinhas a trabalhar”.

O estabelecimento já tinha sido alvo de protestos por parte do Padre Ferreira, que acusou a sex-shop de ser um antro de pecado e chegou a ameaçar chegar lume à loja. Mas a hipótese de sabotagem está posta de parte. “À hora do incêndio, o Camilo Sacristão foi visto na zona a carregar um jerrican, mas disse que foi porque ficou sem gasóleo na motorizada e a gente acreditou porque ele não costuma mentir, tirando aquelas duas vezes em que foi apanhado a roubar vinho da missa”, explicou o comandante dos Bombeiros, Zeferino Ventura.

No combate às chamas, um bombeiro ficou ferido devido à explosão de uma boneca insuflável, que tinha sido enchida com hélio – um gás altamente inflamável – para flutuar como os balões. “Ò amigo, eu no meio daquela fumarada toda só vi um corpo de senhora todo despido e, claro, agarrei-me logo a ela a fazer respiração boca a boca. De repente, olhe, parus!!! Aquilo rebentou e eu fiquei todo queimadinho na cara e lá se foi o meu bigode, que tinha tanta estima nele”, contou o Zé Manel Fogareiro.

Transportado para o Posto Médico de São Firmino, o bombeiro foi assistido pela Dra. Zéza dos Brufénes, que procedeu a uma intervenção delicada, que durou várias horas e contou com a ajuda da Goretti Cabeleireira. “Ora bem, a gente para substituir o bigode, que ficou completamente queimado, foi necessário proceder a um implante de cabelos que fomos tirar ao sovaco do paciente”, explicou a diretora do Posto Médico.

O combate às chamas acabou por demorar mais tempo do que estava previsto, uma vez que o fogo alastrou à horta do vizinho Toni Chanaça, onde cultivava umas ervas que, segundo ele, “são para fazer um chá muito bom para a vesícula”. A nuvem de fumo daí resultante provocou um ataque de riso nos bombeiros, que passaram meia hora deitados no chão a contar as estrelas e depois voltaram para apagar o incêndio em tronco nu e ao som da música dos Xutos e Pontapés.

© Paulo Jorge Dias

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Taxistas de São Firmino protestam contra transporte ilegal

Os taxistas da nossa freguesia acusam de concorrência desleal um serviço de transporte às cavalitas, que funciona através da Internet e permite às pessoas chamaram um carregador que, por metade do preço, as leva às costas até ao seu destino. O caso já levou a agressões, tendo os taxistas enfiado a cabeça de um carregador na sanita e dado a descarga.

Cada viagem às cavalitas pode custar 1 euro por quilómetro e o passageiro
pode levar as sacas de compras penduradas na boca nos moços.



O serviço é recente mas já é um sucesso na aldeia de São Firmino. Onde quer que a pessoa esteja, basta pegar no telemóvel e chamar pela Internet um carregador, que em poucos minutos vai ao seu encontro e carrega a pessoa às costas até ao seu destino.

Olhe, senhor, a mim dá-me um jeito muito grande porque eu ò sábado vou à feira, a Vizela, e se vou estar à espera da camineta é um atraso de vida porque eu, quando lá chego, as feirantes já só me querem impingir nabiças murchas e diospiros tão relados que nem os porcos os querem. Ò pr'a cá, costumava vir no táxi do Fredo, só que ele é um aldrabão, porque pôs um fundo falso na mala do carro e rouba-me metade das compras”, contou a Ernesta do Cabral, cliente assídua do transporte às cavalitas.

Além da rapidez, os clientes dizem que é mais barato principalmente porque não cobram taxas extra pela carga que o passageiro leva. Os carregadores transportam as pessoas às costas e, pelo mesmo preço, trazem as sacas equilibradas na cabeça ou presas aos dentes. “E até temos um moço que tem umas orelhas de abano que dão muito jeito porque o passageiro pode lá pendurar as cestas das compras”, explica o Paulinho de Paçô Vieira, criador deste serviço.

O negócio agrada a quase toda a gente, menos aos taxistas que perdem clientes e se queixam de concorrência desleal. “Quer-se dizer, eles não pagam gasóile, nem pneus, nem têm que deixar uma nota de 20 no cinzeiro do carro, sempre que levam o carro à inspeção. Assim até eu fazia mais barato! E o pior é que eles enganam as pessoas, porque não me venham dizer a mim que andar num carro de praça é tão confortável como ir às costas de um marreco qualquer. Às cavalitas tem de apanhar com fedor a suor do moço, enquanto no meu táxi não cheira a nada disso... só a bicho morto, porque tenho um gato entalado na solfage e ainda não tive vagar para ir lá raspá-lo”, disse o taxista Emílio Barbas.

O empresário do transporte às cavalitas nega as acusações, afirmando que o seu serviço tem custos acrescidos: “É mentira que a gente não tenha despesas! Fiquem sabendo que tenho de mudar as solas dos sapatos de 5 em 5 mil quilómetros e, certas noites, não me chegam 30 euros em Reumon-Gel para as dores nas costas. Sim que isto de carregar com as moças às costas não é brincadeira. No outro dia fui levar a Zeza a um jantar, em Felgueiras, e ò outro dia tive de ir ao endireita, que eu mal me conseguia mexer”.

O Paulinho de Paçô Vieira acusa ainda os taxistas de agredirem os seus funcionários, sendo que o caso mais grave ocorreu na semana passada, quando foram chamados para ir buscar um velhote ao Snack-Bar Herculano. “Fizeram uma espera ao meu empregado, deram-lhe uma carga de lenha e, no fim, agarraram nele, enfiaram-lhe a cabeça na sanita e deram a descarga. A sorte é que o carregador tinha o cabelo à escovinha e, como conseguiu limpar o sarro da retrete, o Herculano ficou tão contente que, de recompensa, deu-lhe 20 euros e já ganhou a tarde”, explicou o Paulinho.


© Paulo Jorge Dias

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Onda gigante varreu a rua principal

Água começou a subir pela praia fluvial, entrou pela rua principal, virou à esquerda, parou no Snack-Bar Herculano para beber um fino com Martini e avançou pela aldeia dentro. Américo do Talho ficou sem moiros e salpicões, que acabaram por ser apanhados num torneio de pesca desportiva.

Leia o resto da notícia na edição desta semana do RV Jornal

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Explosão na fábrica de morteiros fez três feridos

Dois funcionários foram projetados para a torre da igreja, onde se agarraram. Mas caíram lá de cima quando começou a tocar o sino. Um aterrou numa carrinha cheia de catos e o outro no nariz do Abílio dos Seguros.



 
 
Leia o resto da notícia na edição desta semana do RV Jornal.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Quarta baixa no Grupo Coral em três meses

Notícias da semana

Quarta baixa no Grupo Coral em três meses

Mais uma voz se calou no afamado Grupo Coral de São Firmino. Desta vez foi a Emília do Chico da Lavadura, que sofreu uma perfuração do tímpano, quando escutava à porta do vizinho.

Violência doméstica em São Firmino

Camila da Bouça Nova foi assistida no Centro de Saúde de Vizela, depois de ter esmurrado os dedos e deslocado a clavícula, ao dar um soco nos queixos do marido.

 




Em exclusivo no RV Jornal.

terça-feira, 5 de março de 2013

Excursão à Senhora da Lapa acaba em tragédia

Notícias da semana

 

Excursão à Senhora da Lapa acaba em tragédia

Morreram dois frangos, um galo e três pintos. Zé Gregório levou com uma dentadura na nuca.

 

Idoso em contramão na rua principal de Vizela

Bateu na traseira do "mata-velhos" do cunhado.

 

Tabaco mata jovem da aldeia

Levou com uma pallete de SG Filtro na cabeça.

 

Vinho premiado no estrangeiro

Considerado "Vinagre do Ano" na Suíça.




Em exclusivo no RV Jornal.