O Sogro do Nicolau mandou fazer uma unha de gel em cor de pele para não se lhe ver o esterco que tem por baixo |
Já lhes chamam os metrossexuais de São Firmino. Os homens da freguesia recuperaram a tradição de deixar crescer as unhas do dedo mindinho, mas agora decoradas a rigor, conforme os gostos de cada um.
"Eu na minha unha mandei pintar emblema do Benfica e o meu cunhado pôs um símbolo dos Rangers de Lamego, que foi onde ele fez a tropa. Já o meu sogro mandou pintar a dele com tom de pele, que é para parecer que está limpa e não se ver o esterco que ele tem por baixo”, disse o Nicolau das Quintãs, um dos grandes entusiastas desta nova moda.
A culpa é da cabeleireira Goretti, que lançou uma coleção de unhas de gel para homens: “Isto tudo começou num dia em que o meu homem, o Ilídio, esgaçou a unha dele quando estava a escochinar um frango. Como ele nesse dia tinha um convívio de caçadores, ali em Lordelo, e não queria fazer fraca figura à frente dos amigos, olhe, levei-o a correr ao salão e desenrasquei-o com um unha de gel daquelas que as mulheres usam”.
O sucesso foi imediato. No dia seguinte os amigos do marido estavam a bater à porta da cabeleireira de São Firmino para ela lhes fazer unhas de gel iguais às do marido dela.
"Eu, por acaso, sempre gostei muito de andar com a unha do mindinho comprida. O mal é que os meus filhos gozavam, diziam que era parolo, mas agora com esta invenção da Goretti, olhe, ando com as unhas à minha maneira e estou na moda. É uma maneira mais bonita de limpar a cera dos ouvidos e tirar a chicha dos dentes", explicou o Júlio Margarido, da serração.
Por agora, a cabeleireira cá da aldeia é a única a fazer este tipo de unhas, mas ela diz que está pronta para arrasar a concorrência: “Eu, por acaso, no outro dia vi o meu afilhado com uma unha assim meia castanha, meia cinzenta e fui logo a correr pegar num alicate para lhe arrancar, porque pensei que fosse alguma esteticista daqui da aldeia que lha tivesse feito. Só depois é que percebi que não era unha de gel, mas sim restos de vitela estufada que limpou dos queixais, misturada com cotão que ele tirou do umbigo”.
© Paulo Jorge Dias, 2015
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