terça-feira, 2 de junho de 2015

Estudante de São Firmino ganha medalha de ouro nas Olimpíadas de Religião e Moral

João Ismael foi a Fátima derrotar o pentacampeão Sérgio Cristóvão numa final épica, que durou 5 horas e só terminou quando o adversário se enganou num dos 7 pecados mortais. O jovem craque da Religião e Moral sonha em ser padre e diz a mãe que até a dormir ele reza missa.

A nossa escola pode estar em último nos rankings nacionais de Matemática, Português e até Educação Física. Mas este título já ninguém nos tira: João Ismael, aluno do 6.º ano da Escola EB 2/3 de São Firmino, conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Religião e Moral.
A prova, que se realizou no Santuário de Fátima, no passado fim-de-semana, juntou os melhores alunos desta disciplina, vindos de todas as escolas do país. Na final, o jovem saofirminense derrotou o famoso Sérgio Cristóvão, afilhado de um padre de Terras de Bouro e que foi o campeão das últimas cinco olimpíadas.
Ai o que eu sofri. Eles estiveram ali 5 horas, taco a taco, sem falharem uma resposta. Até que chegou à pergunta dos sete pecados mortais e o outro – que era um morcão e tinha a mania, lá por ser filho de fulaninho de tal – esqueceu-se da Luxúria enquanto meu Ismael os disse ali todos cantadinhos. Até chorei”, recordou a Toninha, mãe do jovem campeão.
A vitória nestas Olimpíadas de Religião e Moral é o prémio justo para um jovem que treina todos os dias uma média de 8 a 9 horas, como explica a mãe: “Decora os catecismos todos, sabe a Bíblia de trás para a frente e até a dormir ele reza a missa”.
Mas a participação nestas olimpíadas este em risco. Isto porque, há 15 dias, o João Ismael andou a acompanhar o compasso da Páscoa, mas deixou cair a sineta no pé e desde aí que anda manquinho. A lesão acabou por prejudicá-lo nas provas físicas, que incluem rezar dois Pai-Nossos enquanto corre os 100 metros obstáculos e dizer em voz alta o ato de contrição ao mesmo tempo que faz o salto em comprimento.

Felizmente, o João Ismael conseguiu ultrapassar tudo isso com a sua força de vontade, alimentada pelo sonho de um dia ser padre. Diz o pai, que a vocação começou a revelar-se cedo, logo no infantário: “Agarrava numa taça de Chocapic, punha os outros meninos em filinha e obrigava-os a dizer ‘Amen’ antes de lhes dar a comer os cereais de chocolate”.

Aliás, quem conhece o jovem sabe que ele está destinado ao sacerdócio. “Até houve uma vez que ele ouviu no rádio que não havia padre em São Romão do Coronado e vestiu o fatinho da primeira comunhão, pôs um bigode postiço que tinha sobrado do Carnaval e enfiou-se no comboio. Quando lá chegou, convenceu toda a gente que era um padre anão, rezou missa uma semana, deu o confesso e só foi descoberto no meio de um enterro porque é alérgico às flores e, quando espirrou, o bigode saiu-lhe disparado pela boca fora”, contou a avó do Ismael.
Além da medalha – que de ouro só tem nome, porque é em chapa – o nosso João Ismael ganhou ainda um prémio, com o qual há muito ele andava a sonhar: uma viagem a Fátima a pé, para duas pessoas (despesas de alojamento e refeição não incluídas). 

© Paulo Jorge Dias, 2015 

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