domingo, 20 de abril de 2014

Falso compasso roubou mais de 300 euros

Encapuzados assaltaram o compasso e roubaram a cruz, as roupas e a sineta. Depois, fizeram a visita pascal e levaram o dinheiro dos envelopes. Autoridades suspeitam do Gang do Quitó.





Eram oito da manhã quando o Osvaldo da Comissão Fabriqueira se fez ao caminho para a tradicional visita pascal, acompanhado dos restantes membros do compasso.

João Vítor, Tozé do Cruzeiro, Deolinda catequista e a escuteira Adelaide seguiam pela estrada nacional quando foram atacados por um grupo de encapuzados.

"Olhe, foi tudo muito de repente. Só vi os gandulos a saltar-nos ao caminho e a levar a gente para uma bouça. Depois, tiraram-me a roupa e apalparam-me toda. E, pelo jeito de me apertar os peitos, eu acho que era o Brito Careca, que ele fazia-me sempre isso quando andávamos no Ciclo e jogávamos andebol", contou a Deolinda catequista.

As vítimas foram depois amarradas a um amieiro e por lá ficaram até serem encontradas pelo Berto das Mobílias: "Eu ao princípio nem percebi que foi um assalto. Como estavam em tronco nu, pensei que fosse para aí um desses teatros da Páscoa em que eles até dão com chicote no Jesus, ou no Judas, não me lembro bem. Eu, por acaso, regalei-me de dar chicotadas ao João Vítor, que me está a dever 50 euros de um espelho ele me comprou".

Entretanto, os assaltantes percorriam a freguesia, fazendo a tradicional visita pascal. Como estavam vestidos com as roupas roubadas aos membros do compasso ninguém terá estranhado.
“Quer dizer, eu reparei que este ano a escuteira tinha menos pelo nas pernas, mas pensei que a Adelaide tivesse ganho vergonha e começasse a ir à depilação. Também achei o mordomo um bocado parecido com o Quitó, só que ele disse que era dos missionários e esteve não sei quanto tempo em Angola e eu, para lhe dizer a verdade, estava mais preocupado com o que dizia que era sacristão e tentou meter o portátil da minha filha no saco das ofertas”, contou o Ribeiro da Clotilde.
A recolha de envelopes terá rendido aos meliantes mais de 300 euros. "Ora bem, eu prejuízo, prejuízo, não tive. O envelope não me custou nada porque fui pedi-lo ao vizinho na véspera. E, no domingo, mal ouvi a sineta a tocar, olhe, fui a correr tirar os 5 euros, que é o que eu faço todos os anos, mas não conte nada à minha mulher, ouviu?", disse à nossa reportagem um morador que pediu para não ser identificado, mas que toda a gente sabe que é o Artur das Persianas.

Este é um caso invulgar que as autoridades estão a investigar com grande cuidado. Os principais suspeitos são os membros do chamado Gang do Quitó, desmantelado há três anos mas que se juntou há poucas semanas, depois do Quitó e do César Francês terem saído da cadeia de Paços de Ferreira e do Brito Careca ter voltado da Vila das Aves, onde estava emigrado há ano e meio.

© Paulo Jorge Dias, 2014

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